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terça-feira, 16/09/2025

Madri cancela contrato bilionário com empresa israelense

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O governo da Espanha oficializou a anulação de um contrato avaliado em bilhões, feito com companhias espanholas que produzem armamentos originados de Israel, como parte da proibição completa de cooperação militar com Israel, confirmada na última semana. O acordo incluía suporte logístico e formação militar. Esta decisão representa mais um episódio da crescente tensão entre Madri e Tel Aviv.

O contrato previa a compra de 12 unidades de um sistema de lançamento de foguetes altamente móvel (SILAM), desenvolvido com base no sistema Puls da empresa israelense Elbit Systems, conforme relatório do Military Balance do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS). O projeto era conduzido por um consórcio de empresas espanholas, com transferência de tecnologia e produção local.

O cancelamento do contrato aconteceu poucos dias depois que o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, anunciou um pacote de nove medidas para interromper o genocídio em Gaza. Entre essas medidas está o embargo total à venda e compra de armamentos com Israel, o bloqueio de portos e aeroportos espanhóis para navios e aviões militares destinados a Israel, e a proibição da entrada de autoridades israelenses envolvidas em crimes de guerra.

Além disso, o governo espanhol proibiu a importação de produtos de assentamentos ilegais na Cisjordânia e em Gaza, e limitou serviços consulares para cidadãos espanhóis residentes nesses territórios ocupados.

Sánchez afirmou enfaticamente: “Isso não é uma defesa. Nem mesmo um ataque. É o extermínio de um povo indefeso.” Ele declarou também que, mesmo sem força militar, a Espanha quer servir de exemplo na defesa do direito internacional.

Reação de Israel

A resposta de Israel foi rápida. O ministro das Relações Exteriores, Gideon Saar, acusou o governo espanhol de institucionalizar o antissemitismo e declarou como persona non grata a vice-presidente Yolanda Díaz e a ministra Sira Rego, ambas do partido Sumar, que pressionam Sánchez por uma postura mais rígida contra Israel.

Saar também criticou a Espanha por hipocrisia histórica, lembrando a expulsão dos judeus em 1492 e chamando o governo espanhol de corrupto e sem autoridade moral.

Ajuda humanitária

Em resposta, Madri afirmou que vai aumentar o auxílio humanitário à Palestina, enviando efetivos para a missão da União Europeia em Rafah, ampliando projetos agrícolas e médicos com a Autoridade Palestina e aumentando a contribuição para a UNRWA. A ajuda direta a Gaza deve chegar a 150 milhões de euros em 2026.

Crise diplomática

A crise nas relações entre Espanha e Israel atingiu o ponto mais grave desde o início da ofensiva em Gaza. A embaixadora espanhola em Tel Aviv foi convocada para consultas, e o representante israelense em Madri foi chamado duas vezes após a prisão de cidadãos espanhóis ligados à Flotilha da Liberdade.

Sánchez, que defende a solução de dois Estados, declarou que “o que acontece em Gaza não tem nome, mas tem palavra: genocídio.” Essa declaração rompeu com o protocolo diplomático usual e aprofundou a rixa política entre os dois países.

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