Em São Paulo, um pouco mais de um mês após a aplicação de uma tarifa de 50% imposta pelos EUA sobre produtos brasileiros, a indústria de madeira, especialmente fabricantes de molduras e peças de marcenaria com destino principal para os Estados Unidos, sofreu cortes significativos.
Foram demitidas 4 mil pessoas, 5,5 mil trabalhadores foram colocados em férias coletivas e contratos de 1,1 mil funcionários foram temporariamente suspensos, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci).
Esse setor emprega diretamente 180 mil pessoas no Brasil, com maior concentração no Sul, principalmente nos estados do Paraná e Santa Catarina, em cidades menores. Se a tarifa continuar, estima-se que outras 4,5 mil demissões podem ocorrer nos próximos dois meses.
Queda nas exportações
A Abimci explica que o aumento da tarifa levou à redução nas exportações de madeira processada para os EUA. Após julho, quando a taxa entrou em vigor, muitos contratos e embarques foram cancelados, e novos acordos diminuíram.
As exportações caíram entre 35% e 50% em agosto em comparação com julho. Paulo Pupo, superintendente da Abimci, menciona que a entidade tentou diversas vezes em reuniões com o governo federal, incluindo com o ministro da Indústria e Comércio Geraldo Alckmin, mas ainda não houve ações concretas para resolver o problema.
Pupo ressalta a urgência das negociações, apontando que o governo federal deve liderar os avanços para impedir um aumento ainda maior no número de demissões no setor.
No ano passado, os Estados Unidos importaram cerca de US$ 1,6 bilhão em madeira processada do Brasil, incluindo produtos usados na construção civil como compensados, molduras, madeira serrada para cercas, portas e pisos. Os EUA representam em média metade das exportações brasileiras do setor, chegando a 100% em alguns segmentos específicos.
Esses ajustes refletem um forte impacto econômico na indústria de madeira nacional devido a barreiras comerciais internacionais.