Horas depois do primeiro-ministro Sébastien Lecornu anunciar sua renúncia, o presidente francês Emmanuel Macron pediu que ele permaneça no comando das negociações até quarta-feira (8/10) para tentar formar uma “nova base política de apoio”. Aos 39 anos, Lecornu se tornou o premiê com o mandato mais curto da França recente, ficando apenas 27 dias na função e sendo o sétimo nomeado por Macron desde 2017.
Desde junho de 2024, quando Macron dissolveu a Assembleia Nacional e convocou eleições legislativas antecipadas, a França enfrenta instabilidade política profunda. O partido do presidente e aliados de centro-direita perderam a maioria absoluta e precisam formar coalizões para governar. Entretanto, nenhum governo formado até agora conseguiu garantir uma maioria estável.
Na segunda-feira (6/10), Macron declarou disposição para “assumir suas responsabilidades”, aceitou a renúncia de Lecornu, mas solicitou que ele continue até o esgotamento das últimas negociações com a oposição. Fontes próximas indicam que Macron pode considerar uma nova dissolução da Assembleia, como fez anteriormente em 2024, caso não consiga estabilizar o governo.
Quais são as opções do presidente francês?
- Nomear outro primeiro-ministro: Macron pode tentar novamente indicar um novo chefe de governo. Um dos cogitados é Yaël Braun-Pivet, presidente da Assembleia Nacional, considerada neutra, mas cuja capacidade de unificar a base política é incerta.
- Buscar apoio da esquerda: O Partido Socialista ofereceu liderar um governo, com discursos ressaltando a necessidade de responsabilidade após as eleições. Parte dos aliados de Macron apoia essa aproximação dada a dificuldade em manter o centro-direita unido.
- Dissolver novamente a Assembleia Nacional: Essa medida abriria caminho para novas eleições em até 40 dias. A extrema-direita, liderada por Marine Le Pen, e parte da direita tradicional apoiam essa alternativa, considerando a volta às urnas como decisão sensata.
- Renunciar ao cargo: Apesar de improvável, líderes da oposição pedem que Macron abdique para o bem do interesse público, totalizando uma nova eleição presidencial em caso de renúncia.
- Destituição presidencial: Um processo constitucional pode ser iniciado pela oposição, acusando Macron de paralisar o país. Entretanto, essa ação é complexa e depende de apoio significativo no Parlamento.
Impacto e riscos da instabilidade política
A França é uma das maiores economias da Europa e possui papel relevante na política global. A crise atual pode afetar decisões econômicas, relações internacionais e parcerias, inclusive com o Brasil, em áreas como meio ambiente e comércio.
A fragilidade do governo pode favorecer o crescimento da extrema-direita, que lidera as pesquisas eleitorais após vitórias locais recentes. Caso a Assembleia seja dissolvida novamente, o Parlamento pode ficar mais fragmentado ou até mesmo dominado pela oposição.
O que acontece se Macron sair?
Se Macron renunciar ou for destituído, uma nova eleição presidencial será convocada, abrindo um cenário incerto, marcado por polarização e possível avanço de forças populistas. Por enquanto, o presidente resiste e tenta viabilizar acordos de última hora, mas o prazo até quarta-feira é decisivo para evitar uma nova fase de instabilidade política com consequências internas e internacionais.