Com o governo tendo sobrevivido no Parlamento, mas ainda alvo de duros protestos, o presidente concede entrevistas em rede nacional e tenta “acalmar os ânimos”
O presidente francês Emmanuel Macron concede sua primeira entrevista nacional nesta quarta-feira, 22, em meio a um turbilhão de protestos na França em contrariedade à reforma da previdência no país.
A expectativa do governo é usar a aparição na TV para “acalmar as coisas”, segundo disse uma fonte do governo à agência Reuters.
Reforma da Previdência na França
A reforma da Previdência apoiada por Macron aumenta de 62 para 64 anos a idade mínima de aposentadoria, o que originou os protestos em âmbito nacional e a maior crise para o governo Macron desde o episódio dos “coletes amarelos” há seis anos. Macron usou um dispositivo na lei francesa para conseguir implementar a reforma mesmo sem o Parlamento.
Na segunda-feira, 20, o governo Macron sobreviveu a duas moções de confiança no Parlamento, abrindo caminho para a reforma. Uma das moções chegou a ser aprovada por 278 votos contra o governo, ainda assim ficando abaixo dos 287 necessários. A aliança de centro que apoia o governo tem maioria no Parlamento.
Futuras reformas
Apesar do caos gerado pela proposta, a premiê do governo Macron, Elisabeth Borne, disse em fala ao Parlamento que o governo não vai mudar de curso: não haverá uma reformulação do gabinete (incluindo da própria Borne, cuja cabeça é pedida mesmo entre aliados) ou um referendo para consultar a população sobre a reforma.
Macron deseja ainda outras reformas nos próximos meses, o que levou Oliver Faure, líder do Partido Socialista, de centro-esquerda, a dizer que o governo está “brincando com fogo”.
Sindicatos, movimentos sociais e civis têm um grande protesto marcado para quinta-feira, 23. Na terça-feira, manifestantes também completaram o sexto dia consecutivo de protestos contra a reforma