Emmanuel Macron encontrou a presidente da Assembleia Nacional, Yaël Braun-Pivet, e o presidente do Senado, Gérard Larcher, na tarde de terça-feira, 7 de outubro. O protocolo seguido é o mesmo que precedeu a dissolução anunciada pelo chefe do Estado francês no dia 9 de junho de 2024, levantando especulações na imprensa e entre o público sobre a possibilidade de novas eleições legislativas.
De acordo com o artigo 12 da Constituição francesa, o presidente deve ouvir os líderes das duas câmaras do Parlamento antes de decretar a dissolução da Assembleia Nacional, que corresponde à Câmara dos Deputados no Brasil. Braun-Pivet e Larcher foram recebidos em reuniões separadas, conforme informado pela rádio francesa RTL.
Macron enfrenta pressão política. Na segunda-feira, 6 de outubro, após a renúncia do primeiro-ministro Sébastien Lecornu, ele estipulou um prazo de 48 horas para que o aliado realizasse mais uma rodada de consultas com líderes partidários, numa última tentativa de formar um governo. A crise política agravou-se quando Lecornu anunciou, no domingo 5 de outubro, uma nova composição ministerial muito parecida com a anterior, que não obteve apoio da Assembleia Nacional.
Agências de notícias comentam ironicamente que um clima de dissolução paira sobre a Assembleia Nacional. No governo, a porta-voz Aurore Bergé, do partido Renascimento, refuta a hipótese de novas eleições legislativas, dizendo que ninguém deseja isso salvo os partidos França Insubmissa e Reunião Nacional.
Porém, entre aliados de Macron, a insatisfação é evidente. O ex-primeiro-ministro Édouard Philippe sugeriu a realização antecipada da eleição presidencial, com a renúncia do presidente, como a melhor forma de resolver a crise política com dignidade e organização.
Últimas reuniões e posicionamentos
Antes de Macron, o primeiro-ministro demissionário se encontrou com presidentes das duas câmaras e líderes centristas aliados. Líderes do partido republicano foram também recebidos separadamente. O Partido Socialista confirmou reunião no dia seguinte para discutir a formação do governo, enquanto os Ecologistas buscam um governo de coabitação com um primeiro-ministro de esquerda.
Os partidos Reunião Nacional e França Insubmissa rejeitaram o convite para negociações. A líder da extrema direita, Marine Le Pen, considera a dissolução inevitável. O líder da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, deseja a saída do presidente.
Suspensão da reforma da Previdência
Diversas lideranças macronistas indicam disposição para suspender a controversa reforma da Previdência imposta em 2023 sem votação, como sinal de conciliação. A ministra da Educação e ex-primeira-ministra, Élisabeth Borne, defende a suspensão até um debate na próxima eleição presidencial, ressaltando a importância de ouvir e avançar no atual contexto.
As instituições econômicas também acompanham atentamente a situação política. A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, declarou sua atenção ao cenário atual. Líderes empresariais franceses expressam preocupação com a perda de competitividade do país enquanto enfrentam a instabilidade política.