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quinta-feira, 09/10/2025

Macron continua no cargo e anunciará novo primeiro-ministro na França

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O gabinete do presidente da França, Emmanuel Macron, comunicou nesta quarta-feira (8/10) que um novo primeiro-ministro será nomeado em até 48 horas, após a renúncia de Sébastien Lecornu no início da semana, que intensificou a crise política no país.

O premiê deixou o cargo na manhã de segunda-feira (6/10), depois de menos de um mês na função, devido à nomeação de um gabinete pró-Macron que gerou descontentamento tanto nos partidos de direita quanto de esquerda. No mesmo dia, Macron deu a Lecornu até a noite de quarta para buscar uma saída para o impasse em relação ao orçamento nacional e para viabilizar a nomeação de um novo primeiro-ministro.

Nesta quarta, Lecornu informou Macron que há uma maioria na câmara baixa do Parlamento contrária à dissolução do governo.

“A maioria dos deputados rejeita a dissolução do Parlamento; existe uma plataforma para estabilidade; é viável aprovar o orçamento até 31 de dezembro”, declarou o gabinete de Macron, citando as conclusões de Lecornu.

“O presidente agradece a Sébastien Lecornu pelo empenho das últimas 48 horas”, afirmou a Presidência em nota, ressaltando que Macron nomeará um novo primeiro-ministro dentro do prazo estabelecido.

O comunicado também indica que um acordo sobre o orçamento do país — um dos principais pontos da crise atual — deve ser alcançado até o fim do ano.

Macron Em Situação Delicada

Macron tinha as opções de reconduzir Lecornu, indicar o oitavo primeiro-ministro de seu segundo mandato, convocar eleições legislativas antecipadas ou até mesmo renunciar.

O agravamento da crise representa o maior desafio político para o presidente centrista desde que assumiu o cargo em 2017. Aparentemente, Macron está cada vez mais isolado, pois alguns de seus aliados próximos o abandonaram após a saída de Lecornu.

Após o ex-primeiro-ministro Edouard Philippe — um dos prováveis candidatos à Presidência — ter sugerido que Macron renunciasse e convocasse eleições presidenciais antecipadas, Lecornu defendeu que o presidente cumpra seu mandato até 2027.

“Não é o momento para trocar o presidente. Não podemos fazer os franceses pensarem que é o presidente quem vota o orçamento”, declarou o premiê interino.

Governo De Especialistas

Lecornu sugeriu a formação de um governo mais técnico e destacou que os integrantes do novo gabinete não deveriam ter como objetivo concorrer às eleições presidenciais de 2027.

“A situação já é bastante complexa. Precisamos de uma equipe empenhada em resolver os problemas do país até as eleições”, afirmou.

Ele enfatizou que deve haver um caminho para debater a redução da idade de aposentadoria — a reforma mais polêmica do governo de Macron.

Lecornu não deu pistas sobre quem será o próximo primeiro-ministro, mas indicou que ele não será reconduzido: “Fiz tudo ao meu alcance… minha missão termina esta noite”. Também mencionou que um novo orçamento pode ser apresentado ao gabinete já na segunda-feira, embora reconheça que “não será perfeito” e que haverá muito debate.

Desafios Políticos À Frente

Quem assumir o cargo de primeiro-ministro terá que enfrentar os desafios que levaram à queda de Lecornu e seus antecessores imediatos, Michel Barnier e François Bayrou, ambos derrubados pelo Parlamento.

Após perder a maioria nas eleições de 2022 e ceder ainda mais cadeiras em eleições antecipadas no ano passado, a coalizão centrista de Macron com os republicanos de direita permanece como minoria no Parlamento. Qualquer primeiro-ministro corre o risco de ser destituído novamente caso a esquerda se una ao partido de extrema direita Reagrupamento Nacional, liderado por Marine Le Pen.

Le Pen declarou nesta quarta-feira que irá impedir qualquer iniciativa do novo governo e “votará contra tudo”. Seu partido, contra a imigração, acredita que sua melhor chance para conquistar o poder será nas eleições presidenciais de 2027, ferindo as chances de reeleição de Macron, que não poderá concorrer após seu segundo mandato.

Os socialistas, um partido de oposição ao qual Macron há tempos tenta se distanciar, podem acabar sendo um fator decisivo para a sobrevivência do governo.

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