A iniciativa franco-saudita, que ocorrerá durante uma conferência paralela à Assembleia Geral da ONU, propõe o reconhecimento do Estado da Palestina e a exclusão do Hamas de qualquer governo futuro. Os participantes discutirão ainda a preparação para o período pós-guerra em Gaza, incluindo cessar-fogo, libertação de reféns e eleições palestinas.
No Palácio do Eliseu, o entorno do presidente Macron exalta sua liderança e rejeita críticas sobre a suposta precipitação da medida, principalmente considerando que reféns israelenses capturados em 7 de outubro permanecem sob controle do Hamas, cuja desmobilização era condição para avanços diplomáticos.
Macron planejou uma ação simbólica antes de discursar na ONU, encontrando representantes das sociedades civis israelense e palestina, enfatizando o caráter político e humanitário da iniciativa. Esta decisão marca uma virada diplomática para a França, que se tornará o primeiro país do G7 a executar tal reconhecimento.
O presidente francês argumenta que reconhecer o Estado palestino é parte de um plano maior de paz e essencial para isolar o Hamas. Ele declarou: “Os palestinos querem uma nação, querem um Estado, e não devemos empurrá-los para o Hamas.”
Desde abril, quando visitou El-Arich, no Egito, Macron amadureceu a decisão, motivada pela piora das condições humanitárias na Faixa de Gaza. Embora inicialmente isolada, a proposta recebeu apoio internacional em Nova York, incluindo membros do G7.
Não recebido em Israel, onde é considerado persona non grata, Macron optou por se dirigir diretamente ao público israelense via entrevista à emissora N12, reforçando que sua proposta busca a paz regional e criticando ataques militares contra civis palestinos por prejudicarem a imagem de Israel.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu indicou possíveis respostas, com respaldo dos Estados Unidos. A presidência francesa reconhece que a iniciativa representa um momento delicado, prevendo possíveis turbulências diplomáticas, como anexações na Cisjordânia ou fechamento do consulado francês em Jerusalém.
Ao reconhecer a Palestina agora, Macron aposta em manter aberta uma via para solução política duradoura, tentando reafirmar sua capacidade internacional em meio a um mandato interno complicado. Ele reafirma que o Hamas será desarmado e excluído do poder, condicionando a abertura de embaixada à libertação dos reféns.
Na França, a comunidade judaica manifestou preocupações, solicitando que o reconhecimento dependa da libertação dos reféns e do desmantelamento do Hamas. Embora não tenha se pronunciado publicamente, Macron acolheu representantes judeus em diálogo para tranquilizar a comunidade.
O Palácio do Eliseu destaca que Macron foi o único líder mundial a prestar homenagem nacional às vítimas dos ataques de 7 de outubro em Israel, demonstrando uma postura equilibrada num cenário político polarizado.
A Alemanha considera prematuro reconhecer o Estado palestino neste momento. O ministro das Relações Exteriores, Johann Wadephul, declarou que uma solução negociada de dois Estados permanece o caminho para paz, segurança e dignidade para israelenses e palestinos, defendendo que o reconhecimento deve ocorrer ao término do processo.
Yossef Murciano, presidente da União dos Estudantes Judeus da França (UEJF), também manifestou inquietação, destacando que o reconhecimento deveria considerar as condições impostas por Macron, como a libertação dos reféns e o desmantelamento do Hamas. O discurso do presidente francês pode redefinir a política externa da França e sua relação com aliados e comunidades internas.