O lúpus é uma doença autoimune persistente que pode afetar várias áreas do corpo, gerando dor e inflamação. Pesquisadores da Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF), nos Estados Unidos, descobriram que o envelhecimento natural pode reduzir os ataques do sistema imunológico em pacientes com lúpus.
Esta descoberta, divulgada em junho na revista Science Translational Medicine, abre novas possibilidades para tratamentos que considerem a idade e oferece esperança para o controle de outras doenças inflamatórias.
Sarah Patterson, professora de medicina e uma das autoras do estudo, compartilha sua surpresa ao notar a frequência das consultas entre pacientes mais jovens e idosos.
“Atendo pacientes jovens com lúpus, entre 20 e 40 anos, a cada poucos meses para monitorar sinais de agravamento. Por outro lado, meus pacientes mais velhos visitam o consultório apenas uma vez por ano para acompanhamento”, afirmou Sarah.
O lúpus diminui com o avanço da idade?
Ao analisar marcadores imunológicos em amostras de sangue de pacientes de diferentes idades, os pesquisadores observaram uma redução gradual da inflamação conforme o envelhecimento. Foi notado uma melhora espontânea em pacientes com 60 anos ou mais, diferente do que acontece em outras doenças autoimunes e crônicas.
O estudo revelou uma diminuição na atividade de genes imunológicos, principalmente aqueles que produzem interferons e proteínas inflamatórias, nos pacientes mais idosos.
Em adultos saudáveis, genes e proteínas relacionados à inflamação tendem a aumentar com os anos, fenômeno conhecido como inflammaging. Já nos pacientes com lúpus, a inflamação é alta na meia-idade, mas diminui com a idade avançada.
Apesar dessa reversão parcial da inflamação, os pesquisadores salientam que ela não é completa. “Nos pacientes, a inflamação diminuiu, porém ainda está em níveis acima dos adultos saudáveis na mesma faixa etária”, explicou o coautor Charles Langelier.
Com esses dados, os pesquisadores pretendem investigar se os medicamentos que bloqueiam interferons têm eficácia variável conforme a idade dos pacientes. Além disso, planejam expandir os estudos para outras doenças inflamatórias como artrite reumatoide, doença pulmonar obstrutiva crônica e aterosclerose.