CAIO SPECHOTO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ex-ministro da Previdência Carlos Lupi (PDT) declarou nesta segunda-feira (8) durante depoimento na CPI do INSS que autorizava nomeações para cargos no instituto, mas negou participação em descontos irregulares nos benefícios previdenciários e defendeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Lupi afirmou que decisões sobre descontos nas aposentadorias são tomadas pelo INSS de forma autônoma e que não precisava aprovar essas medidas. Ele falou na condição de testemunha, e seu depoimento ainda está em curso.
O político ocupou o cargo de ministro desde o começo de 2023 até maio, quando foi afastado devido ao escândalo dos descontos irregulares. Ele explicou que no começo de sua gestão aprovava indicações internas para o INSS, mas acompanhava essas escolhas.
O ex-ministro escolheu Alessandro Stefanutto para presidir o INSS durante o início do escândalo. Stefanutto também deixou o governo após o caso vir à tona.
Lupi enfatizou que o INSS é uma autarquia independente que age de maneira autônoma. “Não autorizei nada no INSS. A autarquia toma suas decisões sozinha”, declarou em resposta ao deputado Alfredo Gaspar, relator da CPI.
Ele afirmou ainda que não participa do dia a dia da autarquia e que em 2023 o INSS e a Polícia Federal se reuniram para investigar suspeitas de fraudes, que naquele momento eram denúncias preliminares e de menor impacto que as reveladas em 2025.
Quando questionado sobre informar o presidente Lula das suspeitas, Lupi disse que não teve essa conversa, ressaltando que conversas com o presidente são voltadas para temas políticos amplos, e que a questão do INSS é de autonomia institucional. O presidente e o ex-ministro só tiveram conhecimento das fraudes oficialmente quando a Polícia Federal iniciou a apuração.
O ex-ministro disse conhecer alguns líderes sindicais citados nas investigações, como José Ferreira da Silva (Frei Chico), irmão do presidente Lula e vice-presidente do Sindnapi, mas afirmou que nunca recebeu pedidos dele.
Sobre o presidente do Sindnapi, Milton Cavalo, afirmou que o conhece e tem boa relação com ele, que é também filiado ao partido de Lupi.
O depoimento teve momentos tensos, com interrupções para o almoço e discussões acaloradas entre parlamentares governistas e da oposição durante o interrogatório.
O deputado Marcel van Hattem questionou Lupi sobre quem ocupava o ministério da Previdência em 2024, mas o ex-ministro preferiu ficar em silêncio, o que gerou protestos e discussões na CPI entre deputados dos diferentes grupos políticos.
Os ânimos se exaltaram, com trocas de acusações e gestos provocativos, necessitando a intervenção de outros parlamentares para acalmar a situação e evitar conflitos físicos.