Ao anunciar programas e linhas de financiamento, presidente retrabalha imagem para retomar popularidade e pavimentar o caminho de 2026. Estreitamento da conexão com as cidades visa chegar mais perto do eleitor
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa, hoje, da abertura do Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas, organizado pelo governo federal para tentar aproximá- lo dos gestores municipais. O evento está sendo classificado como um contraponto à marcha anual dos prefeitos a Brasília, que acontecerá no próximo mês e, habitualmente, tem tom crítico ao Palácio do Planalto.
A aproximação do presidente com os prefeitos tem por objetivo turbinar a imagem do governo com a divulgação de programas cuja adesão depende das prefeituras. Além disso, em ano pré-eleitoral e com a popularidade de Lula em nível preocupantes, esse estreitamento visa criar as condições para pavimentar a campanha à reeleição, em 2026.
Tanto que, no roteiro do discurso do presidente, consta uma série de anúncios voltados aos municípios — como o lançamento de um novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) Seleções e seleções para o Minha Casa Minha Vida. Estão incluídos, ainda, recursos para programas de saúde e educação, além da apresentação de uma nova plataforma de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para os municípios. A ideia é abrir as portas do governo federal para parcerias que rendam a melhoria da imagem presidencial junto ao eleitorado.
Apoio popular
O encontro de Lula com os prefeitos é o primeiro depois de pesquisas de opinião mostrarem que ele amarga queda de popularidade, sobretudo no Nordeste — região na qual está boa parte do seu eleitorado. Inclusive, ainda nesta semana, ele irá ao Pará entregar casas, participar do lançamento das obras de um câmpus de instituto federal e visitar obras da COP30 — que será em novembro, em Belém.
Vai, também, ao Amapá para a inauguração de um residencial, em Macapá, e lançará o início das obras do novo câmpus do Instituto Federal do Amapá. A tiracolo, levará o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), com a clara intenção de azeitar o relacionamento com o Congresso.
Na semana passada, por conta dessa aproximação com as prefeituras, Lula esteve no Rio de Janeiro — berço do bolsonarismo — para a cerimônia de reabertura da emergência do Hospital Federal de Bonsucesso, na Zona Norte da cidade. Embora o prefeito Eduardo Paes (PSD) seja seu aliado de longa data, o presidente ainda vai presenteá-lo com a assinatura, até amanhã, do decreto que torna o Rio “capital honorária” do Brasil. Nessa manobra, Lula trabalha com a hipótese de o pessedista lançar-se ao governo do estado, em 2026, com o apoio do Palácio do Planalto, para enfrentar o candidato do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A aproximação com os prefeitos se dá, também, num contexto de ressaca do governo em função do mau desempenho do PT nas eleições municipais do ano passado. Entre as capitais, o partido fez apenas Fortaleza e, na soma geral, chegou a 252 prefeituras conquistadas. Porém, sofreu dolorosas derrotas, como em São Paulo, na qual o candidato apoiado pelo Palácio do Planalto, Guilherme Boulos (PSol), perdeu para o reeleito Ricardo Nunes (MDB) — que contou com o respaldo de Bolsonaro — e esteve ameaçado de não ir ao segundo turno devido ao desempenho de Pablo Marçal (PRTB).
O encontro com os prefeitos é organizado pela Secretaria de Relações Institucionais, em parceria com entidades que congregam as prefeituras. Para a abertura do evento, Lula convocou todos os 38 ministros e convidou Alcolumbre e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).