O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entrou em contato na tarde da última sexta-feira (19/12) com o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para expressar sua gratidão pela aprovação do Orçamento da União, feita na semana anterior, conforme apurado pelo Metrópoles. O senador do Amapá, contudo, nega a ocorrência dessa ligação.
O Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) aprovado pelos parlamentares prevê um superávit de R$ 34,5 bilhões e reserva R$ 61 bilhões para emendas indicadas pelos congressistas.
Essa comunicação simboliza uma reaproximação entre os dois líderes, cuja relação havia se desgastado devido à indicação de Lula para o Supremo Tribunal Federal (STF). Alcolumbre apoiava a candidatura de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga no STF, enquanto o presidente indicou o Advogado-Geral da União, Jorge Messias. Desde então, eles estavam sem contato.
Alcolumbre tentou agendar uma sessão em dezembro para votar a indicação de Messias com o objetivo de derrotar sua nomeação, pois o indicado ainda não tinha votos suficientes para aprovação. Contudo, o presidente do Senado precisou adiar a sabatina e a votação após o Planalto não enviar a mensagem oficial da indicação.
No plenário, Messias precisa da maioria simples, ou seja, pelo menos 41 dos 81 senadores, para ser confirmado.
Na véspera do contato, dia 18 de dezembro, Lula manifestou publicamente sua consideração por Alcolumbre, afirmando sua esperança de que o Senado prossiga com a votação da indicação logo no início do ano e esclarecendo que não há desentendimentos pessoais entre eles.
“Não existe nenhum problema pessoal entre mim e o companheiro Alcolumbre. Eu sou amigo dele, tenho apreço pessoal. Ele tem nos apoiado de maneira significativa nas aprovações que buscamos. Portanto, não há crise alguma entre nós, entre mim e Alcolumbre, nem entre mim e Hugo Mota. Cada um ocupa uma posição de poder neste país e, quando surgem divergências, o correto é dialogar para solucioná-las”, declarou Lula.
Entre os assuntos que tensionaram recentemente a relação, destaca-se o episódio envolvendo a pressa de Alcolumbre para pautar o Projeto de Lei (PL) da Dosimetria, que modifica as penas dos condenados pelos eventos de 8 de janeiro, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Para viabilizar a aprovação de medidas econômicas no Senado, o líder do Governo na Casa, Jaques Wagner (PT-BA), estabeleceu um ‘procedimento combinado’ relacionado ao PL da Dosimetria.
Jaques Wagner ressaltou: “Não houve acordo sobre o mérito, continuo contra o projeto, considero um absurdo. A única diferença é que poderia ser votado agora ou postergado para fevereiro, o resultado seria o mesmo”.
Lula afirmou não ter sido consultado quanto ao acordo, assim como a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT).

