O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) exigiu que os ministros ligados ao centro do espectro político defendam o governo publicamente durante suas agendas pelo país, em meio a críticas de dirigentes partidários. Paralelamente, o União Brasil pressiona o ministro do Turismo, Celso Sabino, para que deixe o cargo, buscando oficializar a saída do partido da base governista.
A manifestação mais firme do presidente ocorreu na segunda reunião ministerial do ano, no Palácio do Planalto, onde Lula reuniu seu alto escalão para definir prioridades até 2026.
Os presidentes do União Brasil, Antonio Rueda, e do PP, o senador Ciro Nogueira (PI), têm um encontro marcado para esta semana para discutir a saída do governo Lula. Ambos apostam na recente federação partidária para fortalecer uma candidatura de oposição única em 2026.
Foco em 2026
Lula se reuniu com ministros e líderes do MDB para analisar os cenários da eleição presidencial de 2026. Presentes estavam os ministros Renan Filho (Transportes) e Simone Tebet (Planejamento), além do senador Eduardo Braga (MDB-AM), líder do partido no Senado.
Dentro do governo, há quem defenda a permanência de Geraldo Alckmin (PSB) como vice-presidente, porém isso ainda é incerto. No MDB, o governador do Pará, Helder Barbalho, busca se posicionar como opção para a chapa presidencial, e Simone Tebet também é considerada uma possível candidata a vice.
A eleição de Edinho Silva para a presidência nacional do PT indica uma direção mais moderada e focada na aproximação com partidos de centro para as eleições de 2026.
Pressão sobre ministros
No União Brasil, a pressão recai sobre Celso Sabino. Alguns membros do partido pedem sua saída do governo, e caso isso não ocorra, pode haver até expulsão.
Além do Turismo, o partido comanda os ministérios da Integração e do Desenvolvimento Regional e das Comunicações, chefiados respectivamente por Waldez Góes e Juscelino Filho, indicados pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
O PP indicou André Fufuca no Esporte, que também enfrenta pressão para deixar o governo.
Governabilidade
A entrada dos partidos do centro na administração aconteceu no início do mandato como estratégia para ampliar a base no Congresso Nacional. Além dos ministérios, os partidos nomearam aliados em cargos de confiança, como Carlos Antônio Vieira Fernandes, indicado por Arthur Lira (PP-AL) para a Caixa Econômica Federal.
Com a possível saída do União Brasil e do PP, o Planalto perderá uma base significativa no Legislativo, já que juntos controlam mais de 100 cadeiras na Câmara e cerca de 15 no Senado, o que pode dificultar a aprovação de projetos governamentais.
Reação do Planalto
Lula tem demonstrado insatisfação com as declarações públicas de Antonio Rueda. O presidente do União Brasil chegou a criticar o governo petista após o anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados ao mercado norte-americano.
“O governo Lula é triste. Não consegue entregar à sociedade o que ela precisa. Não vejo mudanças reais nem equilíbrio social, e não há quem enfrente os problemas de verdade”, declarou Rueda.
Ao tomar conhecimento, Lula convocou os ministros do União Brasil para que esclarecessem essas posições.
Perspectivas para 2026
Enquanto os desentendimentos aumentam, o governo observa as movimentações de outros partidos. O presidente tem se encontrado com líderes do PSD, Republicanos e MDB para discutir as eleições de 2026.
No PSD, não está descartada a possibilidade de lançar um candidato à presidência, com destaque para os governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e do Paraná, Ratinho Júnior.