SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não foi à posse do presidente eleito da Bolívia, Rodrigo Paz, no sábado (8). Este é um exemplo de uma prática comum no terceiro mandato de Lula: ele tem escolhido ir a eventos de líderes mais alinhados à esquerda e evita cerimônias de governos de direita na América Latina.
Em vez de Lula, o governo enviou o vice-presidente Geraldo Alckmin. Lula, por sua vez, participará da cúpula da Celac com a União Europeia, que reúne líderes de países da América Latina e da Europa, neste domingo (9), na Colômbia.
Rodrigo Paz, político de centro-direita, venceu as eleições e encerrou um período de domínio do partido Movimento ao Socialismo (MAS), de Evo Morales. Em seu discurso de posse, Paz afirmou que a Bolívia “nunca mais” ficará isolada do mundo.
“Nunca mais uma Bolívia isolada, afastada da comunidade internacional e ideologias que falharam”, declarou o novo presidente, enquanto chovia forte, simbolizando uma limpeza para o país.
Diferente de Lula, outros líderes da esquerda na região, como o chileno Gabriel Boric e o uruguaio Yamandú Orsi, compareceram. Também estiveram presentes políticos de direita, como o argentino Javier Milei, o paraguaio Santiago Peña e o equatoriano Daniel Noboa. O subsecretário de Estado dos EUA, Christopher Landau, também marcou presença.
A ausência de Lula em eventos de direita não é nova. Ele não participou da posse de Javier Milei, que havia feito críticas a Lula durante a campanha. Para a cerimônia em Buenos Aires em dezembro de 2023, Lula mandou o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, no lugar dele. Isso quebrou uma tradição de 40 anos, já que desde 1983 presidentes ou vice-presidentes brasileiros sempre estiveram presentes.
Lula também não foi à posse de Daniel Noboa no Equador em 2023, enviando novamente o vice Geraldo Alckmin. O presidente também não compareceu à posse do líder salvadorenho Nayib Bukele, sendo representado pelo ministro Paulo Teixeira.
Ao contrário, Lula esteve ausente da posse do presidente americano Donald Trump, embora isso siga a tradição dos EUA, onde normalmente chefes de missões diplomáticas representam países estrangeiros.
O único presidente de direita da América Latina que teve Lula em sua posse foi Santiago Peña, em agosto de 2023. O Brasil mantém relações comerciais estreitas com o Paraguai e tem uma grande comunidade brasileira lá, com cerca de 245 mil pessoas.
Por outro lado, Lula deu atenção especial às cerimônias de líderes de esquerda, como Yamandú Orsi, que marcou o retorno da coalizão de esquerda e centro-esquerda Frente Ampla ao governo do Uruguai, e Claudia Sheinbaum, primeira mulher presidente do México. A exceção foi a posse de Bernardo Arévalo, presidente de centro-esquerda da Guatemala em janeiro do ano passado, que Lula não compareceu.
