JULIA CHAIB
CALGARY, CANADÁ (FOLHAPRESS)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manifestou na noite desta segunda-feira (16) sua apreensão com o embate entre Israel e Irã no Oriente Médio, mencionando que abordará o tema durante seu breve discurso na reunião ampliada do G7, que acontecerá nesta terça-feira (17) no Canadá.
“Qualquer conflito me causa preocupação. Sou um homem que sempre buscou a paz. Em um momento em que o mundo necessita de muitos recursos para a transição energética e para combater a pobreza global, ver dinheiro sendo gasto em conflitos me incomoda profundamente. É esse o ponto que quero destacar amanhã”, afirmou.
Lula fez essa declaração ao chegar ao hotel em Calgary, próxima das montanhas de Kananaskis, local da cúpula do G7, grupo formado pelas principais nações desenvolvidas do planeta.
O presidente, entretanto, não comentou a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de retornar antecipadamente a Washington devido ao aumento da tensão no Oriente Médio. Na mesma data, Trump solicitou a evacuação de Teerã.
O G7 é constituído pelo país anfitrião Canadá, Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão, com a União Europeia também representada.
O Brasil foi um dos poucos países convidados para participar da reunião ampliada, que conta ainda com membros como África do Sul, Austrália, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Índia e México.
Ao ser questionado sobre uma declaração recente do presidente Trump que criticou a não participação da Rússia no grupo — expulsão ocorrida em 2014 após anexar a Crimeia —, o presidente brasileiro respondeu que a existência do G20 torna o próprio G7 dispensável.
“Com o G20, o G7 perde muito do seu propósito. O G20 é mais representativo. Mas isso é uma questão cultural”, explicou.
“[O G7] foi criado em 1975, durante a crise do petróleo. Os países mais ricos se reúnem, mas todos estão no G20. Creio que o G20 tem maior relevância e abrangência humana. De qualquer modo, sou convidado desde que assumi em 2003, e participo para não perder esse encontro dos mais influentes”, concluiu.
Lula aceitou realizar uma reunião bilateral com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, cujo horário ainda será definido. Também estão previstas reuniões com o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, e com o premiê alemão, Friederich Merz. Além disso, o presidente brasileiro deve conversar com representantes da Comissão e do Conselho da União Europeia, assim como procura marcar um encontro bilateral com autoridades da Coreia do Sul.