O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou uma nova maneira de oferecer crédito imobiliário no Brasil, focada em ampliar o acesso para a classe média. O anúncio aconteceu durante o evento Incorpora 2025, em São Paulo.
Com essa mudança, o total de dinheiro depositado na poupança será usado para financiar moradias, eliminando a necessidade de depósitos obrigatórios no Banco Central.
Além disso, o valor máximo para financiamento pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH) será aumentado de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões.
Atualmente, famílias com renda até R$ 12 mil são atendidas por programas com juros mais baixos, mas Lula busca agora facilitar o crédito também para a classe média.
A expectativa é que, com essa nova regra, a Caixa Econômica Federal financie cerca de 80 mil novas casas até 2026.
Hoje, 65% dos recursos da poupança devem ser usados para crédito habitacional; 15% podem ser usados em outras operações, e 20% ficam como depósito compulsório no Banco Central.
Nos últimos anos, os financiamentos pelo SFH perderam espaço devido à retirada de recursos da poupança, que é a principal fonte desse crédito. Em 2023 e 2024, essas retiradas totalizaram praticamente R$ 103 bilhões.
Isso aconteceu principalmente por causa dos juros altos, que fizeram as pessoas preferirem aplicar o dinheiro em investimentos mais rentáveis.
Como será o novo sistema
O modelo anunciado moderniza as regras para aproveitar melhor o dinheiro da poupança como fonte de financiamento.
O objetivo é que, quanto mais dinheiro for depositado na poupança, mais crédito imobiliário será disponibilizado, incluindo investimentos feitos por meio de Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs).
Após um período de adaptação, os depósitos obrigatórios na poupança e no Banco Central deixarão de existir. O total dos recursos da poupança será usado para determinar quanto cada banco deve aplicar em crédito habitacional, tanto pelo SFH quanto pelo Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI).
Assim, se um banco captar R$ 1 milhão no mercado e direcionar esse valor para financiamento imobiliário, poderá usar essa mesma quantia captada na poupança para outras aplicações por um tempo determinado.
80% dos financiamentos terão juros limitados a 12% ao ano pelo SFH.
“O novo modelo aumenta a concorrência, pois permite que bancos que não captam poupança também ofereçam crédito habitacional em condições semelhantes”, explica o governo.
A transição para o novo sistema começa este ano e deve ficar totalmente vigente em janeiro de 2027.
Até lá, continuam valendo as regras atuais de direcionamento dos recursos da poupança para crédito habitacional.
Durante a transição, os depósitos compulsórios no Banco Central serão reduzidos, e parte dos recursos será utilizada no novo regime.
Fonte: Agência Brasil