O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) informou que conversou por telefone com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, nesta quinta-feira (18/12), para tratar do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE). Tanto a líder italiana quanto o presidente da França, Emmanuel Macron, têm se manifestado contrários à assinatura do tratado prevista para este sábado (20/12), durante a Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, em Foz do Iguaçu (PR).
Os líderes europeus argumentam que o acordo ainda não está pronto para ser selado, preocupados com eventuais impactos negativos para o setor agrícola da região — já que o tratado prevê reduções nas tarifas de importação e exportação na agropecuária. A proposta estabelece o livre comércio entre os dois blocos econômicos, abrangendo não apenas o agronegócio, mas também a indústria.
O governo brasileiro mantém a expectativa de que o acordo, negociado por 26 anos, seja formalmente assinado em breve. Lula afirmou que Meloni disse a ele que não é contrária ao acordo e que buscará convencer os agricultores italianos a aceitá-lo.
“Liguei hoje para a primeira-ministra Meloni. […] Fiquei surpreendido ao saber que a Itália estava, junto com a França, reluctante em assinar o acordo devido a questões políticas envolvendo os agricultores”, declarou o petista.
“Na conversa com Meloni, ela ponderou que não é contrária ao tratado, mas enfrenta um impasse político relacionado aos agricultores italianos. No entanto, acredita ser capaz de persuadi-los a aprovar o acordo”, acrescentou Lula.
Nesta quinta-feira, Macron expressou sua oposição à assinatura do acordo. Em coletiva, defendeu o setor agrícola francês com argumentos protecionistas e preocupações sobre a segurança alimentar.
Além disso, milhares de agricultores europeus protestaram em Bruxelas, com dezenas de tratores, contra a política agrícola da UE e o tratado com o Mercosul. Os governantes dos 27 países realizam a última reunião oficial do ano na capital belga.
Na quarta-feira (17/12), durante encontro ministerial, Lula avisou que, caso o acordo não seja fechado no sábado, não vai retomar as negociações enquanto permanecer à frente do Palácio do Planalto.
“Já deixei claro para eles: se não fizermos isso agora, o Brasil não fará mais acordo enquanto eu for presidente”, enfatizou.
“São 26 anos de espera por esse tratado. Ele é até mais benéfico para eles do que para nós. O presidente da França, Emmanuel Macron, resiste por causa dos agricultores franceses… e a Itália também não quer por razões que não sei ao certo. O fato é que nós, do Brasil e do Mercosul, nos esforçamos bastante para aceitar o acordo e fortalecer essa parceria”, concluiu Lula.

