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quinta-feira, 25/09/2025

Lula espera encontro com Trump após encontro na ONU

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Brasília e Nova York – Após participar da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retornou dos Estados Unidos com a possibilidade de um encontro com o ex-presidente Donald Trump. Ambos relataram uma boa conexão durante o breve contato na reunião, realizada na terça-feira (23/9). A iniciativa para o encontro partiu do republicano, embora o líder brasileiro ainda esteja avaliando a melhor forma de conduzir o diálogo.

Na quarta-feira, ainda em solo americano, Lula manifestou estar aberto para conversas com Trump, inclusive de forma presencial, aproveitando a oportunidade aberta pelo ex-presidente norte-americano.

Ao falar com a imprensa, o chefe do Executivo brasileiro lembrou que Trump mencionou em seu discurso a boa relação entre eles, usando o termo “química”.

“Acredito que a relação humana é composta por 80% de química e 20% de emoção. Essa conexão é fundamental, e desejo que tudo dê certo. Brasil e Estados Unidos são as maiores democracias do continente, com muitos interesses comerciais, industriais, tecnológicos e científicos”, destacou Lula.

O presidente reforçou que não há restrição quanto aos temas que podem ser discutidos. Apesar disso, opinou que o ex-presidente americano parece estar mal informado sobre a realidade das relações entre os dois países.

“Tenho muitos pontos para tratar, e em uma conversa entre dois chefes de Estado, como é o caso de Brasil e Estados Unidos, é essencial basear o diálogo em informações reais. Acredito que Trump está mal informado sobre o Brasil, o que pode ter levado a decisões inaceitáveis por parte dele”, afirmou Lula.

Em abril, Donald Trump anunciou a cobrança de uma tarifa padrão de 10% para produtos importados da América Latina. Em julho, esse percentual foi elevado para 50%, exclusivamente para os produtos brasileiros, provocando reação por parte do governo brasileiro.

Em resposta, o presidente Lula afirmou que o Brasil adotará medidas usando a Lei da Reciprocidade Econômica para enfrentar a sobretaxa aplicada pelos Estados Unidos, que justificaram a medida como resposta a supostas perseguições contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

No âmbito comercial, os Estados Unidos foram o segundo maior parceiro do Brasil em 2024, com exportações na ordem de 40,3 bilhões de dólares e importações perto de 40,6 bilhões de dólares.

Para auxiliar os setores impactados pela nova tarifa, o governo brasileiro lançou o Plano Brasil Soberano, que abrange três áreas principais: setor produtivo, proteção ao trabalho e diplomacia comercial. O plano disponibiliza 30 bilhões de reais em linhas de crédito do Fundo Garantidor de Exportações, priorizando pequenas e médias empresas que dependem do mercado americano e garantindo a manutenção dos empregos.

Na Assembleia Geral da ONU, tradicionalmente aberta pelo Brasil, o presidente Lula enfatizou a defesa da soberania nacional e a importância do multilateralismo, especialmente diante das ações de Trump. O ex-presidente dos Estados Unidos justificou a tarifa de 50% como uma forma de equilibrar as relações comerciais entre as duas nações e destacou que o Brasil necessita da parceria americana.

De acordo com dados do governo dos Estados Unidos, o superávit comercial americano em relação ao Brasil em 2024 foi de aproximadamente 7 bilhões de dólares apenas em bens, chegando a 28,6 bilhões de dólares considerando bens e serviços, o que configura o terceiro maior superávit comercial americano globalmente.

Apesar das divergências, Trump convidou Lula para uma reunião na semana seguinte, que deverá ocorrer por telefone ou videochamada, com os detalhes ainda em definição.

Durante sua estada nos Estados Unidos, Lula também participou da segunda edição do evento “Em Defesa da Democracia” e manteve encontros bilaterais, destacando-se o encontro com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

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