Luiz Inácio Lula da Silva realizou na quarta-feira (17/12) a última reunião ministerial do ano na Residência Oficial da Granja do Torto, em Brasília. O encontro contou com a participação de ministros, líderes governamentais e dirigentes de bancos públicos para fazer um balanço das entregas da gestão e discutir os passos futuros para 2026. Durante a reunião, não faltaram repreensões, alertas e cobranças para que o ministério dedique mais esforço, especialmente no ano eleitoral que pode garantir um quarto mandato para o presidente.
Logo no início, Lula fez uma crítica direta aos ministros por falhas na comunicação do governo, afirmando que a gestão ainda não conseguiu apresentar uma narrativa eficiente que permita à população entender seus resultados, principalmente às vésperas de um ano que ele chama de “o ano da verdade”.
Ele pediu que os ministros se posicionem como integrantes do governo e não como observadores externos, ressaltando que é fundamental que as mensagens do governo alcancem efetivamente o público.
Transição ministerial e eleições de 2026
O presidente também tratou da transição em ministérios cujos ocupantes devem disputar as eleições de 2026, desejando que esses candidatos tenham sucesso nas urnas. Destacou que os partidos que apoiam o governo precisarão definir claramente sua posição no próximo pleito, no contexto das recentes rupturas com siglas do Centrão.
Demissão de Celso Sabino
Ao final da reunião, Lula anunciou a saída de Celso Sabino do Ministério do Turismo, atendendo a um pedido do partido União Brasil, antigo partido do ministro, que indicou Gustavo Feliciano para a vaga. A troca foi interpretada como um gesto de aproximação com o presidente da Câmara, Hugo Motta.
Relação com o Congresso
Em um contexto de tensão entre Executivo e Legislativo, o presidente afirmou manter uma boa relação com líderes do Congresso, incluindo Hugo Motta, Arthur Lira, Rodrigo Pacheco e Davi Alcolumbre, e destacou a importância do diálogo para resolver divergências.
Ministério da Segurança Pública
Lula anunciou a intenção de criar o Ministério da Segurança Pública assim que o Congresso aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sobre o tema, prevista para 2026. Ressaltou que os recursos atuais são insuficientes e que será necessário financiamento maior para expandir investimentos na área.
Política externa: Mercosul, EUA e Venezuela
No âmbito internacional, o presidente declarou estar disponível para ajudar numa negociação de paz entre os Estados Unidos e a Venezuela, desde que haja disposição para o diálogo entre as partes. Também voltou a cobrar a assinatura do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia durante a cúpula marcada para o dia 20 de dezembro em Foz do Iguaçu (PR). Caso o tratado não seja fechado, o Brasil não continuará as negociações durante o mandato de Lula.
O acordo, negociado por mais de duas décadas, enfrenta resistência de países europeus preocupados com o impacto em seus setores agrícolas. Recentemente, o Parlamento Europeu aprovou medidas que podem suspender benefícios tarifários ao Mercosul, aumentando as incertezas sobre a conclusão do tratado.

