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quarta-feira, 16/07/2025

Lula chama carta de Trump de falsa e criticou a mensagem

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou ter considerado a carta enviada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como um “material falso” que ofende a honra. Em entrevista à TV Record exibida na noite desta quinta-feira (10/7), Lula comentou achar estranho o envio da carta por meio da rede social de Trump, a Truth Social, e questionou tanto a legitimidade quanto o conteúdo da mensagem, que aborda temas de política comercial e faz referência ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Não é comum enviar correspondência para o presidente da República por meio de um site oficial”, comentou Lula. “O Brasil é um país que, se o presidente Trump conhecesse melhor, teria mais respeito.”

A carta, que foi publicada pelo próprio Trump em suas redes sociais, comunica a imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos a partir de 1º de agosto. Na mensagem, Trump justifica a medida alegando práticas comerciais injustas por parte do Brasil e críticas ao tratamento dado a plataformas digitais americanas. Além disso, defende Bolsonaro, chamando seu julgamento de “perseguição” e pedindo o fim do processo no Supremo Tribunal Federal (STF).

Lula, por sua vez, enfatizou que o sistema de Justiça brasileiro é independente e que o processo contra Bolsonaro não tem motivação política. “Se o que Trump fez no Capitólio tivesse acontecido aqui, ele estaria sendo investigado e correndo risco de prisão. Porque feriu a democracia e a Constituição”, afirmou.

O presidente também criticou Trump por tentar interferir em assuntos internos, como a regulamentação de empresas de tecnologia. “Aqui, as regras são definidas pelo Congresso Nacional e pelo Judiciário. Quem atua no país deve respeitar nossas leis.”

Lula apontou erros na carta ao contestar os dados sobre déficit comercial apresentados por Trump. Segundo ele, os Estados Unidos registraram superávit na balança comercial com o Brasil no ano anterior, exportando 47 bilhões de dólares e importando 40 bilhões. “Será que a assessoria dele não sabe explicar isso para evitar ofender outro país?”, questionou.

Apesar das críticas, Lula afirmou que o governo brasileiro está aberto ao diálogo. “Mas, se não houver acordo, aplicaremos a Lei da Reciprocidade. Se ele cobrar 50% dos nossos produtos, também cobramos 50% dos produtos deles.”

Segundo Lula, tanto o Itamaraty quanto o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços já vêm negociando com os EUA desde que uma tarifa de 10% foi implementada em abril. Ele ressaltou que o Brasil pode recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC), inclusive em conjunto com outros países afetados pelas medidas dos EUA.

Lula ainda sugeriu que Trump pode estar incomodado com a colaboração entre países do Sul Global, como os BRICS. “Talvez tenha se incomodado com a reunião dos BRICS, principalmente porque não participou do G7, que nós participamos”, disse. “Um dia vou convidá-lo para participar dos BRICS. Se quiser vir, será bem-vindo.”

Por fim, o presidente brasileiro criticou a postura internacional de Trump. “Ele não pode agir como o xerife do mundo. Ele foi eleito presidente dos Estados Unidos e pode governar lá. Mas aqui no Brasil, quem manda são os brasileiros.”

A nova tarifa anunciada por Trump tem previsão de entrada em vigor em agosto, podendo ser revista caso o Brasil elimine barreiras tarifárias e não tarifárias aos produtos americanos. Até lá, o governo brasileiro está avaliando as possíveis respostas nas esferas diplomática, comercial e legal.

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