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quarta-feira, 03/12/2025

Lula busca apoio dos EUA para combater a cúpula do crime organizado

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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva busca o suporte dos Estados Unidos para implementar uma estratégia que visa combater o crime organizado internacional focando na desarticulação financeira das lideranças criminosas, chamadas de “cúpula”, termo equivalente ao “andar de cima” mencionado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Um indicativo dessa estratégia aconteceu na terça-feira (2/12), quando Lula manteve uma conversa telefônica de cerca de 40 minutos com o presidente norte-americano, Donald Trump. Segundo nota oficial do Palácio do Planalto, Lula destacou a necessidade urgente de intensificar a cooperação com os EUA para combater o crime organizado internacionalmente.

A palavra-chave nas ações contra o crime organizado tem sido a cooperação. Autoridades ressaltam a importância do trabalho conjunto entre órgãos de controle financeiro, especialmente a Receita Federal e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Nos últimos tempos, a segurança pública tem ganhado destaque diante da crescente preocupação da população brasileira. No entanto, o governo federal e governadores de tendência conservadora apresentam discursos distintos sobre a abordagem para enfrentar essa questão, sendo que a maioria dos governadores defende uma postura mais rigorosa e confrontadora.

O governo federal enfatiza operações que visam sufocar financeiramente as organizações criminosas e identificou conexões operando a partir do exterior, conforme consta na nota oficial. As imagens que registram encontros entre Lula e Trump na Malásia estão vinculadas a essa cooperação.

As conexões internacionais mencionadas por Lula estão ligadas à Operação Poço de Lobato. Nas investigações, segundo Haddad, foi constatado que os alvos, envolvidos com o Grupo Refit, utilizam o estado de Delaware, nos Estados Unidos, em esquemas de lavagem de dinheiro por meio da criação de diversas empresas de fachada.

Além disso, foi apontada a prática ilegal de envio de peças de armamento dos EUA para o Brasil, abastecendo o crime organizado. De acordo com Haddad, estabelecer controles tanto nos EUA quanto no Brasil aumentaria a eficácia no combate a essas ações criminosas.

O Palácio do Planalto informou que o presidente Donald Trump mostrou total disposição para cooperar e apoiar iniciativas conjuntas para enfrentar essas organizações criminosas.

Este foco no combate ao “andar de cima” do crime organizado tem sido ressaltado pelo governo federal, que utiliza operações recentes para atacar as finanças dos criminosos e aprimorar seu posicionamento na discussão sobre segurança, tradicionalmente dominada pelo espectro político conservador.

Exemplo disso é a Operação Carbono Oculto, realizada em agosto, que desmantelou um esquema de venda fraudulenta de combustíveis, lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio, com ligações ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e ramificações no centro financeiro do país. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, classificou essa operação como a maior contra o crime organizado; já Haddad destacou seu impacto no topo da estrutura criminosa.

Quanto à arena política, a oposição também se movimenta no campo da segurança pública. O Projeto de Lei nº 5.582, conhecido como PL Antifacção, inicialmente proposto pelo Executivo, teve seu texto alterado na Câmara e atualmente tramita no Senado em uma versão diferente do pretendido originalmente.

As forças políticas conservadoras tentam promover uma associação dos EUA ao combate ao crime organizado, chegando a propor, em uma das versões do PL, equiparar o crime organizado ao terrorismo, um foco tradicional da política norte-americana.

O comportamento do governo federal em relação ao tema segurança pública tem evoluído num contexto de crescente apreensão da população sobre a segurança, uma questão que poderá ser decisiva nas eleições presidenciais de 2026.

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