GUILHERME BOTACINI
FOLHAPRESS
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) destacou a importância do investimento de empresas brasileiras e do governo em Moçambique e outros países africanos, e criticou a baixa quantidade de diplomatas brasileiros no continente, nesta segunda-feira (24). Ele participou de um encontro bilateral com o presidente Daniel Chapo.
Sem citar diretamente a Odebrecht, Lula lembrou o papel das construtoras brasileiras durante os governos do PT em negócios internacionais, incluindo na África.
“As empresas de engenharia brasileiras estiveram em quase todos os países africanos. Era raro um lugar onde não houvesse uma empresa brasileira construindo pontes, viadutos ou hidrelétricas”, explicou Lula.
Ele ressaltou que a mesma empresa que trabalhava no porto de Mariel, em Cuba, financiada pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), também atuava no porto de Miami, mesmo com restrições americanas, demonstrando a competitividade brasileira na área.
Lula afirmou que essas empresas foram praticamente destruídas, o BNDES foi muito atacado por financiar empresas estrangeiras no Brasil e a Petrobras recuou na África, fechando operações.
O presidente afirmou que o banco de desenvolvimento está totalmente recuperado e deve voltar a oferecer linhas de crédito.
Lula também apontou a diferença na estrutura das embaixadas africanas em comparação a outras regiões, destacando casos em que embaixadas africanas têm poucos funcionários enquanto outras possuem excesso, atribuindo isso a decisões políticas.
Apesar disso, o governo brasileiro iniciou em 2024 um processo de redução do pessoal diplomático na África, o que não agradou os diplomatas locais. O Itamaraty, no entanto, negou que essa decisão prejudique a presença brasileira no continente.
Antes do encontro com Chapo, Lula mencionou que discutiriam assistência humanitária, saúde, educação, segurança alimentar, agricultura, biocombustíveis, defesa, comércio, investimentos, além de temas globais como combate à pobreza, mudanças climáticas e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Moçambique completou 50 anos de independência em junho deste ano, embora enfrente instabilidade política após a eleição contestada de Chapo.
Também recentemente, Brasil e Moçambique celebraram 50 anos de relações diplomáticas; o Brasil abriu sua embaixada em Maputo em 1976, enquanto Moçambique inaugurou sua representação em Brasília em 1998.
Segundo o governo brasileiro, Moçambique é o maior receptor de recursos da Agência Brasileira de Cooperação em áreas como saúde, agricultura e educação. Em 2024, o comércio bilateral foi de US$ 40,5 milhões, com exportações brasileiras principalmente de carne de aves.
Lula chegou a Maputo vindo direto do encontro do G20 em Joanesburgo, África do Sul, e nesta segunda receberá o título de doutor honoris causa da Universidade Pedagógica de Maputo.
