Desde o início de 2023, as empresas estatais do Brasil criaram 273 cargos indicados politicamente, com um custo anual aproximado de R$ 206 milhões. De acordo com levantamento do Estadão, esses cargos estão ocupados por membros do PT, aliados e familiares de políticos, distribuídos por 16 estatais.
Alertas ignorados
Relatórios técnicos do Ministério da Gestão apontaram riscos à boa administração, porém esses avisos foram desconsiderados. O ministério afirma que esses cargos representam “um a cada 314” colaboradores e são usados de forma “específica e limitada”.
Casos notáveis
Grupo Hospitalar Conceição (GHC)
- Aumentou em 331% o número de cargos comissionados (de 16 para 69).
- Justificou a necessidade para gerenciar novos hospitais.
- Nomeou pessoas ligadas ao PT, incluindo ex-assessoras e militantes.
- Cargos com salários que chegam a R$ 22 mil.
Dataprev
- Cresceu de 33 para 93 cargos políticos (+181%).
- Explicação: novos projetos como o novo CadÚnico e o CAR.
- Contabiliza militantes como o namorado da deputada Adriana Accorsi (PT-GO).
- Salários elevados; 65% dos cargos já foram preenchidos.
BNDES
- Instituiu 9 novos cargos para o presidente Aloizio Mercadante, totalizando 56 comissionados.
- Alguns vencimentos ultrapassam o teto legal (R$ 52 mil a R$ 60 mil).
- Entre os nomeados, estão Juca Ferreira (ex-ministro da Cultura) e ex-assessores de senadores e políticos.
- Motivo: “retomar protagonismo do banco” e atender novas áreas como PPPs e exportações.
- Pesquisa da consultoria Mercer indicou que os salários estavam acima do mercado.
Telebras
- Dezembro de 2023 viu a criação de 3 cargos comissionados.
- Descumpriu decisões judiciais anteriores que pediam diminuição das indicações políticas.
- A Sest (órgão do Ministério da Gestão) classificou a proposta de elevar os cargos para 88 como “temerária” — representando 19% do quadro, muito acima da média de 5%.
- Os postos foram usados para acomodar parentes de ministros do governo.
Críticas e respostas
O governo defende que esses cargos trazem “novas habilidades” e participam de “projetos específicos”. Contudo, especialistas alertam para o risco de uso indevido, excesso de nomeações políticas e prejuízo à eficiência e transparência da administração pública. A oposição promete questionar esses aumentos e exigir critérios técnicos rigorosos.