Em entrevista exclusiva à jornalista Christiane Amanpour, da CNN Internacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi escolhido para governar seu país e não para comandar o mundo.
“É fundamental que o presidente Trump tenha em mente que seu papel é liderar os Estados Unidos, e não agir como imperador global. O mais eficiente seria iniciar negociações para depois buscar acordos viáveis, pois os nossos países mantêm uma relação positiva há mais de 200 anos”, declarou Lula.
O presidente brasileiro ainda comentou que as tarifas anunciadas por Trump foram uma surpresa para o Brasil, assim como a maneira abrupta da comunicação. Lula ressaltou que o presidente americano demonstra falta de visão multilateral.
Segundo Lula, a afirmação de Trump sobre prejuízos no comércio bilateral é equivocada. Desde maio, o governo brasileiro tem enviado propostas para a Casa Branca, mas a carta do líder americano não considerou essas sugestões.
Brasil está aberto ao diálogo para discutir as tarifas, e pretende responder a Washington formalmente, incluindo possíveis ações na Organização Mundial do Comércio e a aplicação da Lei de Reciprocidade Econômica, recentemente regulamentada.
Bolsonaro
O presidente também abordou o ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmando que não houve tentativa de golpe de Estado comparável à planejada por ele.
“Ele está sendo julgado pelos atos de tentar articular um golpe, incluindo ameaças a autoridades importantes”, afirmou Lula.
O chefe do executivo espera que o Supremo Tribunal Federal condene Bolsonaro, defendendo a Corte contra críticas do presidente americano.
Lula explicou que as acusações contra Bolsonaro vieram da Procuradoria-Geral da República, não por motivo político.
Ele ainda relembrou que, apesar de ter perdido eleições presidenciais no passado, nunca usou dessas desculpas para questionar o processo eleitoral.
Resposta à carta de Trump
Lula afirmou que o Brasil dará uma resposta adequada à carta de Trump, que anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.
Em pronunciamento oficial, Lula enfatizará que o Brasil prefere negociações pacíficas e não quer conflitos.
Apesar de negar crise entre os países, o presidente ressaltou que a relação bilateral precisa ser revista e criticou a postura autoritária de Trump.
“Não me vejo como um imperador para tomar decisões e divulgá-las unilateralmente”, declarou Lula. Ele admitiu que pensou inicialmente se tratar de uma notícia falsa ao ver a carta do presidente americano.
Lula completou destacando que o Brasil valoriza sua aliança histórica com os Estados Unidos, mas não aceitará imposições.
Estadão Conteúdo