O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou na quinta-feira (28/8) que não pretende implorar por um diálogo com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em uma entrevista à TV Record de Minas Gerais, o chefe do executivo brasileiro disse que “um homem com dignidade não se rebaixa diante de outra pessoa”.
“Um homem que mantém a cabeça erguida tem dignidade e não se rebaixa perante outro homem. Quando o Trump quiser, estarei disponível para conversar. Ele nem sequer enviou uma carta para mim. Quando desejar, o ‘Lulinha paz e amor’ estará pronto para o diálogo, mas não pensem que eu vou ficar suplicando uma conversa”, declarou Lula.
Esse posicionamento surge em meio a tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos, provocada pela imposição de tarifas anunciada por Trump. O presidente brasileiro tem repetido que não há vontade do governo dos EUA para negociação.
Tarifas comerciais
Donald Trump assinou em 31 de julho uma ordem executiva que instituiu uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos. Essa tarifa corresponde à soma de uma alíquota de 10% anunciada em abril e mais 40% adicionais.
Contudo, quase 700 produtos foram excluídos da sobretaxa de 40%, incluindo suco de laranja, aeronaves, castanhas, petróleo e minérios de ferro. Esses itens permanecem sujeitos apenas à taxa de 10%.
As tarifas passaram a valer em 6 de agosto.
Negociações sem avanço
Segundo Lula, mesmo com a indicação de ministros de destaque para tratar do tema — Geraldo Alckmin (Indústria, Comércio e Serviços), Fernando Haddad (Fazenda) e Mauro Vieira (Relações Exteriores) — não houve abertura para diálogo por parte dos EUA.
“Ninguém pode dizer que não quero negociar, o problema é que os americanos não querem. Tenho três ministros capacitados para isso, mas ninguém lá quer conversar. Porque o presidente americano se acha dono do planeta”, criticou.