Luis Arce, ex-presidente da Bolívia, foi detido na tarde de quarta-feira (10/12), conforme anunciado por Maria Nela Prada, que foi ministra da Presidência durante o governo de Arce.
Há a possibilidade de que o ex-presidente tenha sido levado para uma prisão localizada nos arredores de La Paz.
A detenção faz parte de uma investigação envolvendo um suposto desvio de recursos milionário relacionado ao Fundo de Desenvolvimento Indígena Camponês (Fondioc), conhecido como caso Fundo Indígena, um dos maiores escândalos de corrupção recentes no país andino.
O esquema alegado teria ocorrido entre 2006 e 2014, período em que Luis Arce foi ministro da Economia no governo de Evo Morales.
Caso Fundo Indígena
De acordo com informações da imprensa boliviana e do portal Infobae, o Ministério Público está investigando o desvio de milhões de dólares de fundos destinados a projetos produtivos em comunidades indígenas e rurais.
O Fondioc geria 5% do Imposto Direto sobre Hidrocarbonetos e, entre 2006 e 2014, recebeu mais de 3,197 bilhões de bolivianos, aproximadamente 460 milhões de dólares. O conselho do Fundo incluía representantes de diferentes ministérios, inclusive o da Economia, então liderado por Luis Arce, e organizações sociais associadas ao Movimento ao Socialismo (MAS).
O objetivo dessa estrutura era aumentar a participação indígena no governo, no entanto, auditorias identificaram falhas significativas no controle e um alto grau de poder discricionário na liberação dos recursos.
Os investigadores destacam um padrão de desembolsos sem justificativa técnica, transferências para contas pessoais de funcionários, aprovação de projetos sem documentação essencial e falta de acompanhamento dos avanços.
Em 2014, ano crucial para as eleições do Movimento ao Socialismo (MAS), a situação se agravou com a autorização de desembolsos de 575 milhões de bolivianos pelo Fundo, mesmo já apresentando uma dívida superior a 310 milhões. Existem alegações de que parte dos recursos foi utilizada para apoiar mobilizações políticas.
O Papel de Arce na Investigação
Luis Arce está no centro das apurações devido à sua participação no conselho gestor do Fondioc e sua influência nas decisões que permitiram a continuidade das irregularidades.
O Ministério Público irá definir se houve negligência, permissão ou concordância por parte de Arce que tenham facilitado o desvio dos recursos.