LEONARDO VIECELI
FOLHAPRESS
As empresas que oferecem planos de saúde médico-hospitalares tiveram um lucro de R$ 4,8 bilhões no terceiro trimestre de 2025, segundo dados divulgados pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) em 11 de dezembro.
Esse valor é o maior registrado para o período de julho a setembro desde 2018, quando a ANS começou a acompanhar esses números ajustados pela inflação. O lucro aumentou 64,4% em comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, que foi de R$ 2,9 bilhões.
O lucro líquido considera os resultados das operações, finanças, patrimônio, impostos e participações.
Se olharmos apenas para o resultado das operações, que é a diferença entre o que as empresas ganham com as mensalidades e o que gastam com despesas de saúde, administrativas e comerciais, o lucro foi de R$ 2 bilhões no terceiro trimestre, o maior desde 2020, ano da pandemia, quando chegou a R$ 4,6 bilhões.
Além disso, o resultado financeiro, que inclui ganhos com investimentos e foi impulsionado pelos juros elevados, atingiu R$ 4,2 bilhões, também o maior para esse período desde 2018.
Jorge Aquino, diretor de normas e habilitação das operadoras da ANS, comentou que embora o momento seja positivo para as companhias, ainda há cautela para cerca de 7,5 milhões de beneficiários em operadoras que passam por regimes especiais de acompanhamento, fiscalização e ajustes financeiros.
Desempenho no Ano
Com esse resultado, o lucro líquido dos planos médica-hospitalares somou R$ 17,2 bilhões nos primeiros nove meses de 2025, a maior soma para esse período na série histórica.
O lucro operacional acumulado foi de R$ 8,3 bilhões, superior ao registrado no mesmo período de 2024, que foi de R$ 3 bilhões, ficando atrás apenas do ano de 2020.
O lucro financeiro no acumulado chegou a R$ 11 bilhões, o maior desde 2018.
O setor de planos de saúde enfrenta críticas pelas reclamações dos consumidores sobre cancelamentos e aumentos de mensalidades, enquanto as empresas alegam que os custos aumentam devido às novas tecnologias e ao envelhecimento da população, que demanda mais atendimento.
Em entrevista à Folha, o novo diretor-presidente da ANS, Wadih Damous, expressou interesse em entender por que o setor tem prejuízos mesmo sendo um dos mais lucrativos da economia brasileira.
Wadih Damous também defende que a regulação dos planos de saúde deve equilibrar o controle financeiro das empresas com a proteção dos direitos dos consumidores.
Quando se considera também os planos odontológicos e administradoras de benefícios, o lucro líquido combinado foi de R$ 5 bilhões no terceiro trimestre e R$ 17,9 bilhões no acumulado do ano, ambos recordes para os respectivos períodos.
A ANS explicou que o setor obteve receitas de R$ 287,3 bilhões entre janeiro e setembro de 2025, com lucro líquido de aproximadamente 6,2%, ou seja, para cada R$ 100 arrecadados, cerca de R$ 6,20 foi de lucro.
As administradoras de benefícios são intermediárias entre as operadoras de planos de saúde e os consumidores, mas não operam os planos diretamente.

