JÚLIA MOURA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O Banco do Brasil divulgou nesta quarta-feira (12) que teve um lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões no terceiro trimestre de 2025, superando a expectativa dos analistas, prevista em R$ 3,55 bilhões segundo a Bloomberg.
Este resultado se manteve estável em comparação ao trimestre anterior, mas apresenta uma queda de 66% quando comparado ao mesmo período de 2024.
O banco público enfrenta dificuldades devido ao alto índice de inadimplência no setor do agronegócio, um dos seus principais clientes, com vários casos em processo de recuperação judicial.
Além disso, a instituição revisou para baixo suas projeções para o ano de 2025. Agora, estima que o custo do crédito este ano ficará entre R$ 59 bilhões e R$ 62 bilhões, um aumento de R$ 6 bilhões em relação ao previsto anteriormente. O lucro líquido está projetado para variar entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões, inferior à estimativa anterior de R$ 21 bilhões a R$ 25 bilhões.
O Retorno sobre o Patrimônio Líquido (RSPL), que indica a rentabilidade do banco, situou-se em 8,4%, mantendo-se estável frente ao segundo trimestre. No entanto, este índice era de 21,1% há um ano.
A administração do Banco do Brasil comentou que 2025 é um ano de ajustes, destacando a resiliência do banco frente aos desafios atuais. Eles informaram que estão atuando com responsabilidade para controlar a inadimplência, ampliar os negócios e diversificar as fontes de receita, preparando a instituição para um novo ciclo de crescimento.
No terceiro trimestre, o custo de crédito chegou a R$ 17,9 bilhões, um aumento de 12,7% em relação ao trimestre anterior e de 77,7% ante o ano passado. O balanço destaca que, além da inadimplência crescente na carteira agro, houve agravamentos específicos em grandes empresas.
A inadimplência também cresceu, atingindo 4,93% da carteira de crédito com pagamentos atrasados há mais de 90 dias, um aumento de 1,6 ponto percentual em 12 meses.
A carteira de crédito total do Banco do Brasil fechou setembro em R$ 1,28 trilhão, com crescimento anual de 7,5% e queda trimestral de 1,2%. O aumento mais significativo veio dos créditos para pessoas físicas, grandes empresas e operações no exterior, com crescimentos anuais de 7,9%, 8,4% e 21,9%, respectivamente. No trimestre, apenas os créditos para pessoas físicas e governo tiveram expansão.
Os principais bancos privados do país estão mais cautelosos na concessão de crédito devido à possibilidade de aumento da inadimplência, influenciada pelo maior patamar de juros registrado em quase 20 anos.
Durante suas divulgações trimestrais, esses bancos afirmaram que, até o momento, os atrasos estão sob controle, mas ressaltaram a necessidade de cautela ao liberar crédito para consumidores com maior risco. O surgimento de novas recuperações judiciais empresariais também está sendo monitorado.
Considera-se que a taxa básica de juros (Selic), mantida em dois dígitos desde fevereiro de 2022, tem afetado negativamente a situação financeira de pessoas e empresas.
Apesar da taxa de juros em 15%, as carteiras de crédito continuam a crescer, ainda que em ritmo mais lento. Segundo o Banco Central, as maiores taxas de crescimento estão nas modalidades de crédito mais arriscadas, como o rotativo e o crédito pessoal consignado para pessoas físicas.
No Banco do Brasil, essas linhas foram responsáveis pelo crescimento da carteira de crédito. Os empréstimos para pessoas físicas somam R$ 350,5 bilhões.
O banco anunciou também a distribuição de R$ 410.587.269,98 em Juros sobre Capital Próprio (JCP) para o dia 11 de dezembro, considerando a posição acionária de 1º de dezembro.
RAIO-X | BANCO DO BRASIL NO 2º TRIMESTRE DE 2025
- Fundação: 1808
- Lucro: R$ 3,8 bilhões
- Agências: 3.997
- Funcionários: 87.101
- Principais concorrentes: Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, Nubank e Caixa Econômica Federal
