Dois países da América Latina, Chile e Colômbia, apoiaram a sentença contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, ressaltando a importância da democracia. A Bolívia defendeu a soberania do Brasil diante da ‘intromissão’ dos Estados Unidos. Na Argentina, Javier Milei, aliado ideológico e pessoal de Bolsonaro, permaneceu em silêncio, assim como a ex-presidente Cristina Kirchner, também aliada de Lula, que cumpre prisão domiciliar.
Em uma região marcada por divisões entre governos de esquerda e direita e tensões ideológicas internas, foram apenas três os presidentes que expressaram suas opiniões sobre as sentenças relativas à tentativa de golpe de Estado que condenaram Bolsonaro e outros sete ex-ministros e ex-comandantes militares. Todos esses presidentes têm afinidade ideológica com Lula.
Reações no Chile e Colômbia
O presidente de esquerda do Chile, Gabriel Boric, interpretou as condenações como uma demonstração do fortalecimento da democracia no Brasil. Em uma publicação na rede social X, ele prestou homenagens à resistência da democracia brasileira diante da tentativa de golpe, enfatizando a institucionalidade do país.
No Chile, que realizará eleições presidenciais em 16 de novembro com um ambiente polarizado entre esquerda e extrema direita, a mensagem de Boric destacou a importância da democracia.
Já o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, também exaltou a democracia, mas adotou um tom mais duro contra Bolsonaro. Em uma mensagem na rede X logo após a condenação, declarou que todos os golpistas devem ser punidos como regra da democracia. Petro também respondeu a críticas do senador norte-americano Marco Rubio, que criticou a decisão do Supremo Tribunal Federal brasileiro.
Críticas aos Estados Unidos
Gustavo Petro reprovará a ameaça velada dos Estados Unidos contra o governo Lula em relação ao processo contra Bolsonaro, sustentando que prender fascistas não é um ataque à liberdade de expressão, mas sim uma forma de respeitá-la. Ele ainda lembrou que os Estados Unidos aplicaram justiça durante os julgamentos de Nuremberg após a Segunda Guerra Mundial.
O presidente boliviano Luis Arce também criticou a intervenção americana no processo penal contra Bolsonaro, qualificando as declarações dos Estados Unidos como uma interferência colonialista inaceitável que fere a soberania brasileira e o Direito Internacional. Ele reafirmou que o Brasil é livre e soberano e que a América Latina deve ser uma zona de paz.
Silêncio na Argentina
Na Argentina, o presidente Javier Milei optou pelo silêncio sobre a condenação do seu aliado Bolsonaro, especialmente após sofrer uma derrota eleitoral significativa na província de Buenos Aires. Analistas apontam que apoiar Bolsonaro nesse momento poderia agravar sua situação política.
A ex-presidente Cristina Kirchner também não se manifestou, evitando uma posição que pudesse parecer contraditória, já que ela própria enfrenta acusações e cumpre prisão domiciliar. Kirchner é aliado do atual presidente brasileiro Lula.
Sentença do Supremo Tribunal Federal
O Supremo Tribunal Federal condenou Jair Bolsonaro e outros sete ex-ministros e ex-comandantes militares por crimes que incluem tentativa de dissolução violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração do patrimônio público.
Bolsonaro recebeu a maior pena por liderar a organização criminosa que conspirou para impedir a posse de Lula após as eleições de 2022.