Iván Mordisco, o líder guerrilheiro mais procurado da Colômbia, declarou neste sábado (23/8) que permanece firme em seu propósito de não se entregar, mesmo após a captura de seu irmão próximo a Bogotá, também envolvido na insurgência. A nação tem enfrentado uma escalada grave de violência causada por grupos armados rebeldes, resultando em pelo menos 19 mortos e mais de 100 feridos na última semana.
O comando do Estado-Maior Central (EMC), composto por insurgentes que rejeitaram o acordo de paz de 2016 firmado entre o governo e o grupo guerrilheiro das Farc, está sob liderança de Mordisco. O presidente Gustavo Petro o assemelha ao infame narcotraficante Pablo Escobar, que faleceu em 1993.
Fontes oficiais indicam que Mordisco está em fuga pela Floresta Amazônica, ferido após uma operação recente. Ele comentou nas redes sociais: “uma irmã minha desapareceu e não me rendi”, referindo-se a um incidente durante o governo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010).
Na sexta-feira (22), Petro anunciou a detenção de Mono Luis, irmão de Mordisco e acusado de gerenciar atividades de narcotráfico, finanças ilegais e logística no EMC. Em declaração pública, Mordisco responsabilizou o presidente pela segurança de sua família e reiterou sua convicção revolucionária como motor para a luta por transformações profundas no país.
O EMC é vinculado a ataques recentes, incluindo um atentado com caminhão-bomba em Cali que causou seis mortes e deixou mais de 60 feridos. Dois membros da Frente Jaime Martínez, associada ao EMC, foram formalmente acusados de homicídio qualificado pelo Ministério Público, que prevê penas de até 50 anos de prisão.
Além disso, outro grupo insurgente protagonizou uma ofensiva letal em Antioquia, contra policiais, utilizando drones e armamento pesado, matando 13 agentes. Essas ações são ligadas a facções dissidentes das Farc que rejeitam o acordo de paz e intensificaram confrontos desde 2024, quando Mordisco abandonou negociações com o governo.
O ministro da Defesa, Pedro Sánchez, afirmou que não existe cessar-fogo com grupos criminosos há mais de meio ano, e destacou esforços intensificados para combater esses grupos armados envolvidos com narcotráfico, extorsão e mineração ilegal, visando garantir a segurança nacional.
A atual crise de segurança no país, considerada a pior na última década, agrava-se em um contexto político sensível, a um ano das eleições presidenciais. Em 11 de agosto, o principal candidato da direita, Miguel Uribe, foi assassinado em Bogotá.
O acordo de paz implementado em 2016 promoveu um período de relativa calma, porém a falta de presença estatal nos territórios anteriormente controlados pelas Farc facilitou o fortalecimento de outros grupos armados. Desde que assumiu o cargo, em 2022, Petro busca negociações com diversas facções, porém a maioria dos diálogos está paralisada, avançando apenas com o Clã do Golfo no Catar, e mantendo conversações limitadas com uma pequena dissidência da guerrilha ELN.