NICOLA PAMPLONA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
A autorização para perfurar o primeiro poço em águas profundas na bacia da Foz do Amazonas é um passo importante que deve incentivar várias empresas de petróleo a buscar reservas na área. Espera-se que as próximas autorizações sejam concedidas com mais rapidez do que esta primeira.
Atualmente, existem 28 concessões de exploração ativas na bacia, considerada uma das principais apostas para renovar as reservas de petróleo do Brasil, que tendem a se esgotar nas áreas do pré-sal no começo da próxima década.
Dessas concessões, 19 foram adquiridas em leilão da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) realizado em junho, já esperando que a licença para o bloco 59 fosse liberada ainda este ano.
Os investidores estão atentos e aguardam os próximos passos da Petrobras e os resultados do poço para definir seus investimentos. Atualmente, existem pedidos no Ibama para licenciar poços em outras oito concessões na bacia.
IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás), que reúne as principais empresas do setor no país, comentou que essa licença é um avanço positivo para confirmar a presença de petróleo e gás natural na área e sua viabilidade econômica.
Contudo, a licença para a Petrobras perfurar o poço não garante sucesso. No setor, é comum que a existência de reservas só seja confirmada após a perfuração.
Por exemplo, na bacia de Campos, uma importante região produtora do Brasil, a primeira descoberta aconteceu somente no nono poço explorado. Ainda assim, após a descoberta, são necessários estudos para avaliar se as reservas são economicamente viáveis.
A Petrobras informou que a perfuração do poço Morpho, que recebeu licença nesta segunda-feira (20), deve durar cerca de cinco meses. Se forem detectados sinais de petróleo ou gás, a estatal deve comunicar imediatamente a ANP.
Após essa etapa, a empresa realiza a perfuração de poços de avaliação e, confirmado o achado, declara a comercialidade para o órgão regulador, comprometendo-se a investir na extração.
Para iniciar a produção, a empresa precisa obter uma nova licença ambiental. Depois, monta a infraestrutura necessária, como equipamentos submarinos, plataforma de produção e serviços operacionais. Governos locais apostam nessa movimentação para gerar empregos e renda na região.
Telmo Ghiorzi, presidente-executivo da Abespetro (Associação Brasileira das Empresas de Bens e Serviços de Petróleo), ressalta que a produção de petróleo e o desenvolvimento industrial que ela promove são essenciais para manter o ritmo de criação de empregos qualificados e bem pagos no Brasil.