Celebrando com alegria, os palestinos comemoraram intensamente na segunda-feira (13/10) a libertação de quase 2.000 detidos por Israel, como parte de um acordo que também garantiu a liberação de 20 reféns israelenses mantidos pelo Hamas na Faixa de Gaza. Essa troca faz parte do cessar-fogo que pôs fim a dois anos de conflito na região.
Grandes multidões receberam calorosamente os prisioneiros soltos em Beitunia, na Cisjordânia ocupada, e em Khan Younis, ao sul de Gaza, ao descerem dos ônibus do Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Alguns foram erguidos nos ombros enquanto outros foram encaminhados a hospitais devido a condições médicas.
Entre os libertados, estão 1.718 palestinos detidos por tropas israelenses em Gaza durante o conflito de dois anos contra o grupo Hamas, considerado terrorista por vários países, e mantidos sem acusações formais. Neste grupo, encontram-se cinco menores de idade e duas mulheres. Profissionais da saúde de Gaza também foram detidos sem acusações ao longo do conflito.
Frequentemente, as famílias não tinham notícias sobre seus parentes, sem saber se estavam presos ou mortos. A maioria foi detida sob prisão administrativa, ou seja, sem processo judicial, em conformidade com leis implementadas por Israel no início do conflito, que permitiam prisões imediatas de “combatentes ilegais”.
Além disso, o grupo inclui 250 palestinos condenados há décadas por ataques fatais contra israelenses e outros por delitos menores, conforme dados do Ministério da Justiça de Israel.
A lista destes prisioneiros contém membros do Fatah e do Hamas, e suas idades variam entre 19 e 64 anos. Mais da metade foi exilada para o Egito e deve ser enviada para outros países, uma punição considerada severa devido às restrições de circulação dentro e fora de Gaza e Cisjordânia, dificultando o reencontro familiar.
Essas libertações têm um significado simbólico enorme para ambas as partes. Muitos israelenses desaprovam a soltura, devido ao histórico de ataques letais. Entre os libertos estão o policial palestino Raed Sheikh, ligado ao Fatah e cumprindo várias sentenças de prisão perpétua, e Mahmoud Issa, comandante do Hamas preso desde 1993 por sequestrar e matar um policial israelense, tornando-se um símbolo da causa dos prisioneiros.
Para os palestinos, essas detenções muitas vezes são políticas, e os detidos são considerados líderes na luta contra a ocupação militar israelense.
Relatos de tratamento cruel, fome, tortura e opressão foram compartilhados por ex-detentos, incluindo Kamal Abu Shanab, libertado após mais de 18 anos na prisão. Israel afirma cumprir normas prisionais e investiga acusações de abusos.
O número total de palestinos detidos por Israel ultrapassa 11 mil desde o início das hostilidades em 7 de outubro de 2023, com milhares em detenção administrativa.
Importantes lideranças do Hamas, Fatah e da Frente Popular para a Libertação da Palestina não foram incluídas na lista de libertados, entre elas Marwan al-Barghouti, figura influente que foi sentenciado a múltiplas prisões perpétuas por planejar ataques durante a Segunda Intifada.
Esse acordo simboliza tanto esperança quanto controvérsia, refletindo a complexa realidade do conflito e das aspirações de paz na região.