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domingo, 24/11/2024
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Levantamento aponta melhoria na qualidade de vida e na saúde do DF

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Em Brasília

Estudo indica redução nas mortes de crianças e jovens brasilienses desde 1984. Melhorias na higiene, no saneamento básico e na renda são, segundo especialistas, determinantes para a mudança de cenário

Apesar do momento de crise, os avanços socioeconômicos nas últimas décadas contribuem para o recuo das mortes na infância e na juventude no Distrito Federal. Em 30 anos, a mortalidade infantil caiu 56,4%, saindo de 1.191 casos, em 1984, para 519, em 2014. A capital também está entre as unidades federativas com redução significativa de óbitos de jovens por causas violentas — acidentes e homicídios — na última década. Os dados estão na pesquisa de Registros Civis do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que acaba de ser divulgada.

Segundo o estudo, em 1984, 19,3% das mortes em Brasília eram de crianças com menos de 1 ano. Em 2014, elas representaram 4,4%, uma redução de 14,9 pontos percentuais. Apesar da conquista, o DF ocupa o 14º lugar no ranking nacional. O indicador obtido aqui é resultado de um conjunto de políticas públicas e de mudanças de hábitos ligados à higiene. Pediatras ouvidos pelo Correio destacam o programa de imunização do Sistema Único de Saúde (SUS) e o Saúde da Família como essenciais no processo para salvar a vida de recém-nascidos.

Políticas públicas

Atualmente, o governo oferece, gratuitamente, 25 vacinas. “A principal mudança está ligada ao comportamento dos pais. O pré-natal, a vacinação e o aleitamento materno garantem boa saúde aos bebês e, dessa forma, a redução da mortalidade”, avalia a coordenadora da pediatria da Secretaria de Saúde, Carmem Martins. “As internações reduziram. Não temos casos de desnutrição. O que temos, hoje, são doenças sazonais”, ressalta Carmem.

Marcos Junqueira, integrante da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), cita, além da imunização, a importância do investimento em saneamento básico. “Houve avanços nesse sentido, mas ainda estamos longe do ideal, uma vez que ainda existem cidades que utilizam fossa e não têm acesso à água de boa qualidade”, pontua. Para o pediatra e infectologista Bruno Vaz, a melhora da qualidade de vida e o avanço tecnológico também contribuíram para o recuo da mortalidade infantil. “O controle das doenças ficou mais refinado e criterioso. Dessa forma, detectamos patologias mais rapidamente.”

Em setembro, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome alertou para a queda dos índices. A autarquia federal argumentou que a conquista resulta de um conjunto de estratégias de políticas públicas implementadas nos últimos 12 anos, como os programas Bolsa Família e Saúde da Família.

Um estudo publicado pela revista científica britânica The Lancet, em 2013, destacou as taxas alcançadas pelo Brasil e evidenciou a importância da estratégia dos programas sociais, que, segundo a publicação, têm dado resultado na redução da mortalidade das crianças brasileiras. De acordo com a pesquisa, as políticas públicas contribuíram para a redução em 19% nas mortes de meninos e meninas de até 5 anos. Os números mostram que a queda foi ainda maior quando se considerou a mortalidade por causas específicas, como desnutrição (65%) e diarreia (53%).

Jovens

A redução da mortalidade entre a faixa etária de 15 a 24 anos, na última década na capital federal, também tem relação com a melhoria da qualidade de vida de 2004 a 2014. Segundo o IBGE, o DF está entre as unidades da Federação com queda significativa nos números de mortes violentas, tanto na população feminina (9,8%) quanto na masculina (13,9%). Eles, como de costume, pertencem à parcela de habitantes mais vulnerável — representam 85,7% dos óbitos entre jovens. Aqueles de 15 a 24 anos registram 30,3% dos casos.

Na avaliação do consultor em segurança pública George Felipe Dantas, é impossível determinar as causas das reduções das mortes entre os jovens no DF sem uma pesquisa específica. Mas ele acredita que alguns fatores podem ter contribuído para esse resultado, como a consolidação das regiões administrativas e a maior presença do Estado; o aumento salarial das famílias nos últimos anos; e o fato de a capital ter, historicamente, uma das rendas per capita mais altas do país.

Segundo Dantas, o poder aquisitivo é um fator importante, pois garante mais acesso a segurança, saúde, educação, oportunidades e lazer. “O DF passa por um processo de consolidação das regiões administrativas. E isso pode favorecer a redução da violência entre jovens”, conclui.

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