ALEX SABINO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), usou a cerimônia na B3 nesta sexta-feira (5) para repetir uma frase motivadora várias vezes.
“Não sabendo que era impossível, foi lá e fez.”
Ele falou essa frase oito vezes em 30 segundos. A frase, do poeta francês Jean Cocteau (1889-1963), foi usada para ilustrar os quase cem anos de discussões até o leilão do túnel. O projeto inicial é de 1927.
A construtora portuguesa Mota-Engil venceu a empresa espanhola Acciona, oferecendo um desconto de 0,5%, mas o momento de maior destaque na B3 foi a decisão final. Governador, ministros, deputados federais, presidente da Autoridade Portuária e secretários subiram para falar, num total de nove discursos. Houve tentativas de interpretar o projeto de forma diferente.
O ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), convidou para o gesto simbólico o governador Tarcísio de Freitas e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse que não houve disputa por protagonismo na obra do túnel Santos-Guarujá. Segundo ele, o governo federal e o estadual trabalharam juntos para viabilizar o projeto, e ambos celebram a contratação.
O presidente Lula e Tarcísio lançaram o edital em fevereiro, com promessas de cooperação, mas essa harmonia não se confirmou. O custo de R$ 5,14 bilhões será dividido entre os governos federal e de São Paulo.
Lula e Tarcísio, representante do bolsonarismo, são nomes que podem disputar a presidência em 2026.
O governador afirmou que “discurso político não interessa”.
O ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), e os deputados Paulo Alexandre Barbosa (PSDB-SP) e Rosana Valle (PL-SP) falaram sobre esforços anteriores para viabilizar a travessia seca entre Santos e Guarujá, com a deputada batendo o martelo sozinha e o deputado convidando moradoras do bairro do Macuco, que podem ser afetadas pela obra.
Geraldo Alckmin lembrou a maquete de uma ponte no local do túnel, durante seu governo anterior.
Ele ressaltou que o porto não foi privatizado, ideia do governo de Jair Bolsonaro (2018-2021), o que permitiu a obra.
O projeto foi do então ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. O financiamento público federal tornou possível que a Autoridade Portuária de Santos tivesse recursos para a construção.
Várias vezes durante o evento, foram pedidos para que mais pessoas subissem ao palco para participar da cerimônia.
O secretário nacional dos portos, Alex de Avila, até chamou um assessor para ser o “galã” da secretaria.
Tarcísio chamou prefeitos, deputados estaduais e executivos de estatais para a foto no momento da decisão final e incentivou: “Tem de bater com energia”.
Alckmin, com humor, aconselhou cuidado ao bater o martelo, dizendo, olhando para Tarcísio: “Eu, como anestesista, a mão precisa ser mais delicada.”