O leilão de sete blocos de petróleo na região do pré-sal no litoral do Sudeste terminou nesta quarta-feira (22) com cinco blocos vendidos e investimentos de R$ 452 milhões garantidos.
O ágio médio no óleo excedente, que é a divisão do lucro com a União, foi de 91,20%, com um bloco apresentando ágio de 251,63%.
A sessão pública do 3º Ciclo da Oferta Permanente de Partilha da Produção (OPP) ocorreu na sede da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no Rio de Janeiro.
A ANP colocou à disputa sete áreas localizadas no polígono do pré-sal, a principal região petrolífera do país, nas Bacias de Campos e Santos.
Ganho futuro
O total de bônus de assinatura atingiu R$ 103,7 milhões. No modelo de partilha usado para áreas do pré-sal, o critério para vencer não é o valor do bônus, que já é fixo pelo edital, mas sim o maior percentual de óleo excedente cedido à União, entendido como o lucro após custos.
Das 15 empresas habilitadas, oito deram lances, e cinco ganharam blocos. Destaque para a Petrobras e a norueguesa Equinor, que ficaram com duas áreas cada.
O diretor-geral da ANP, Artur Watt Neto, considerou o leilão um “sucesso” e destacou que o valor do bônus é relevante, mas o foco principal são investimentos, arrecadação, geração de empregos e royalties.
Empresas vencedoras
A Petrobras adquiriu dois blocos. No bloco Citrino, na Bacia de Campos, será única operadora com 100% de participação e ofereceu um óleo excedente de 31,19%, equivalente a um ágio de 251,63% sobre o mínimo.
No bloco Jaspe, também na Bacia de Campos, a Petrobras atuará em consórcio com a Equinor, com 60% de participação da Petrobras e óleo excedente de 32,85%, ágio de 96,47%.
A Equinor sozinha ficou com o bloco Itaimbezinho, oferecendo óleo excedente de 6,95%, o menor ágio da disputa, de 4,2%.
O campo Ametista, na Bacia de Santos, será operado por um consórcio das chinesas CNOOC Petroleum (70%) e Sinopec (30%), com 9% de óleo excedente e ágio de 40,41%.
A petrolífera australiana Karoon será operadora do campo Esmeralda, também na Bacia de Santos, entregando à União 14,1% de óleo excedente e ágio de 33,78%.
Duas empresas, Karoon e Sinopec, participam pela primeira vez no regime de partilha aplicado no pré-sal brasileiro.
Apenas os blocos Citrino e Jaspe tiveram competição com mais de uma proposta.
Blocos sem proposta
Os blocos Larimar e Ônix, na Bacia de Campos, não receberam ofertas e serão relançados na próxima OPP.
Segundo o diretor-geral da ANP, fatores como o atual momento da indústria do petróleo, com preços em baixa e fatores internacionais fora do controle, podem explicar a falta de concorrência.
Interesse das empresas
Comentando o interesse das empresas, demonstrado pelo elevado ágio, o diretor da ANP afirmou que não se trata de falta de interesse do governo, mas sim uma dinâmica de mercado baseada em avaliações técnicas e geológicas para garantir o investimento.
Segundo ele, cada empresa analisa os dados para decidir o quanto pode oferecer de forma vantajosa.
A diretora da ANP, Symone Araújo, relatora da OPP, ressaltou a importância do leilão para o avanço do petróleo nacional, destacando a entrada de novos participantes e a adição de reservas em blocos exploratórios.
Funcionamento da OPP
A assinatura dos contratos está prevista para ocorrer até 29 de maio de 2026.
As Ofertas Permanentes de Partilha (OPP) são o caminho pelo qual o governo oferece blocos no polígono do pré-sal e outras áreas estratégicas para exploração, sob supervisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
No regime de partilha, a União é representada pela Pré-Sal Petróleo (PPSA), que gerencia os interesses e leiloa o óleo recebido das petroleiras.
Próximo leilão
A ANP espera realizar o 4º Ciclo da OPP no próximo ano, com até 26 blocos disponíveis no polígono do pré-sal. O diretor-geral Artur Watt defende que leilões ocorram pelo menos uma vez ao ano, seja por partilha ou concessão.
Ele afirmou que é essencial manter a indústria ativa com possibilidades constantes de arrematação de blocos para garantir continuidade nas atividades.
Em junho, a ANP realizou o 5º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão (OPC), com 34 blocos vendidos, incluindo 19 na Foz do Amazonas, uma nova fronteira para exploração.
Esta semana, a Petrobras recebeu autorização do Ibama para iniciar a perfuração na bacia da Foz do Amazonas.