Sergey Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia, declarou na terça-feira (28/10) que o Ocidente, em especial os países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), não está disposto a negociar em condições de igualdade com os países da Eurásia. O pronunciamento ocorreu após a sessão plenária de alto nível da III Conferência Internacional de Minsk sobre Segurança Eurasiática, realizada na capital da Bielorrússia.
Lavrov ressaltou que muitos no Ocidente compreendem a importância do continente eurasiano, mas que o problema reside na falta de preparo dos países ocidentais, particularmente os da Otan, para dialogar como iguais. Eles buscam modelos de cooperação pan-continental fundamentados no princípio da igualdade e indivisibilidade da segurança em toda a área geopolítica da Eurásia.
O chanceler destacou que o Kremlin está promovendo a iniciativa proposta pelo presidente Vladimir Putin de estabelecer uma arquitetura de segurança eurasiana, no âmbito da transição para uma Parceria Eurasiática Ampliada. A ideia é criar fóruns onde todas as propostas possam ser discutidas de maneira justa e enriquecedora.
Lavrov alertou que há tentativas de reconfigurar esse processo, subordinando as ações na região aos interesses da Otan. Esses interesses visam principalmente conter a China, a Rússia, a Coreia do Norte e qualquer outro país que busque conduzir uma política independente baseada em seus interesses nacionais.
Críticas à Otan e ao Ocidente
Durante seu discurso, Lavrov criticou fortemente a expansão da Otan e a atuação ocidental na Eurásia. Ele afirmou que a Rússia nunca teve a intenção de atacar qualquer Estado membro atual da Otan ou da União Europeia, e que está disposta a firmar essa posição em futuras garantias de segurança para a região, mas que líderes da União Europeia evitam discutir essas garantias.
Além disso, o ministro ressaltou que a aliança militar ocidental busca ampliar sua área de influência para além da região Euro-Atlântica, alcançando a chamada região Indo-Pacífica, numa tentativa de conter a China, isolar a Rússia e confrontar a Coreia do Norte.
Lavrov também alertou sobre o perigo de uma grande guerra na Europa e reafirmou o compromisso da Rússia com uma segurança justa, indivisível e coletiva. Ele finalizou enfatizando que a Rússia é contrária à transformação da Eurásia em um espaço dominado pela Otan e continuará a defender os princípios da segurança coletiva para toda a região.
