Cruzamento da W3 Norte, EPTG e cruzamento da Hélio Prates, ao lado do Hospital de Ceilândia (HRC) estão entre vias mais perigosas. Nos três locais houve 27 acidentes e duas mortes ao longo de 2020.
Um laudo elaborado pelo Instituto de Criminalística da Polícia Civil revelou que três pontos do Distrito Federal foram recordistas em acidentes de trânsito em 2020. A Estrada Parque Taguatinga (EPTG), o cruzamento da W3 Norte com a Via N2 e o cruzamento da Avenida Hélio Prates com a M3, ao lado do Hospital Regional de Ceilândia (HRC), somaram 27 acidentes, com duas mortes no total.
EPTG
No mapa da distribuição dos acidentes, a Estrada Parque Taguatinga (EPTG) foi a que mais teve ocorrências, com 12 casos e um atropelamento fatal. A maioria foi colisão traseira ou batidas causadas por retornos e acessos ao comércio, na via marginal.
Segundo o levantamento, os semáforos na região “podem levar a uma freada brusca e consequente colisão traseira”. A perícia destacou fatores que provocam problemas, como a grande quantidade de retornos e entroncamentos na região, “o que leva os motoristas a fazer muitas conversões para ambos os lados das pistas”, diz o documento.
A perícia sugeriu a diminuição da velocidade máxima de trânsito na região da EPTG, de 60 km/h, e colocação de barreiras eletrônicas, além da retirada dos retornos que ficam à esquerda, “para que haja maior intensidade de fluxo nas faixas esquerdas de cada pista”. Outra sugestão foi separar as faixas de trânsito com hastes flexíveis ou tachões, por exemplo.
A região também tem alta circulação de pedestres, devido às paradas de ônibus e estação de metrô, bem como os próprios comércios locais. Para evitar acidentes com pedestres, uma outra alternativa, segundo o estudo, seria a instalação de passarelas ou passagens subterrâneas.
W3 Norte
Semáforo com problemas causa acidente de carro na W3 norte, em Brasília — Foto: CBMDF/Divulgação
O cruzamento da W3 Norte com a via N2, na altura do Brasília Shopping, aparece em segundo lugar no estudo dos peritos. No local, houve oito acidentes e uma vítima fatal em 2020.
“A gente considera um número alto. A perícia é acionada quando a vítima vai para o hospital ou morre, ou seja, casos médios a graves. E a gente nem é acionado sempre. Em horário de pico, muitas vezes não há perícia para dar fluidez ao trânsito”, analisa Vinícius de Oliveira Lima, chefe da Seção de Delitos de Delitos de Trânsito do Instituto de Criminalística (IC).
Segundo o estudo, em 75% dos acidentes analisados, além da desatenção humana, a presença dos semáforos pode ter influenciado no resultado.
De acordo com a perícia, quando um motorista freia de forma brusca, com o sinal vermelho ou amarelo, o condutor que vem atrás – menos atento e sem manter a devida distância de segurança – acaba atingindo a traseira do veículo.
Uma das sugestões dos peritos é “instalar redutores de velocidade antecedendo os cruzamentos, como barreiras eletrônicas, tachões reflexivos ou até mesmo linhas de redução de velocidade, de forma a forçar ou alertar o condutor que aquela região requer maior atenção. Apesar de já existir a fiscalização eletrônica no próprio semáforo (apontados para a faixa de pedestre), entende-se que seria mais eficiente a colocação dos redutores a alguns metros”, aponta o estudo.
Outra observação feita no laudo é a presença de um aclive acentuado antes do cruzamento no sentido Sul/Norte da W3 que pode prejudicar a visibilidade do motorista que, “ao terminar sua subida, depara-se com um semáforo fechado ou congestionamento de veículos”, diz o laudo.
“A situação pode ser agravada se esse condutor trafega em alta velocidade, prática que parece ser comum, considerando que não existem redutores de velocidade entre a W3 sul e norte, diminuindo ainda mais o poder de reação do veículo em excesso”, aponta o documento.
Cruzamento da Hélio Prates
O cruzamento da Hélio Prates com a via M3, ao lado do Hospital Regional de Ceilândia (HRC) aparece em terceiro lugar, com sete acidentes e uma morte. Das sete perícias de trânsito com vítima, seis (86%) foram de avanço de sinal vermelho.
A sugestão dos peritos é instalar fiscalização eletrônica – que até a realização do estudo, em março, ainda não existia – para reduzir o avanço de sinal vermelho. Além disso, a Seção de Delitos de Delitos de Trânsito da Polícia Civil do DF acredita que seria necessária uma análise pelos órgãos de trânsito da temporização dos sinais de cada semáforo.
As sugestões foram encaminhadas para os órgãos de trânsito para análise, mas o IC destaca apesar da expertise dos peritos no assunto “o recomendado é a consulta das instituições de trânsito ou de acadêmicos especializados em engenharia de tráfego”.
O laudo desconsidera fatores como fluxo de veículos, impacto ambiental, economicidade, riscos, entre outros.
Prevenção de acidentes
O objetivo do levantamento feito pela perícia de trânsito é, segundo o Instituto de Criminalística, “subsidiar as autoridades competentes com informações relevantes no sentido da prevenção de acidentes”.
“O nosso trabalho não é prever acidente, mas analisar o cenário e encaminhar o resultado para os delegados e para os juizes. Mas a gente se depara com tanto acidente que ficamos com sentimento de, poxa, às vezes uma intervenção na via alguns acidentes poderiam ser evitados”, diz Vinícius Lima, chefe da Seção de Delitos de Delitos de Trânsito IC.
“É uma visão nacional e começamos a passar para os órgãos de trânsito também”, conta Lima.
Ao todo, no ano passado o Distrito Federal teve 1.980 acidentes com perícia envolvendo 2.254 carros e 882 motocicletas. Destes acidentes, em 80 houve ao menos pessoa morta no local. A média mensal foi de 165 acidentes que contaram com exame de peritos.