O governo russo declarou nesta sexta-feira (12/9) que as conversações para pôr fim ao conflito na Ucrânia estão temporariamente suspensas, diminuindo as expectativas de um acordo após meses de tentativas para retomar o diálogo direto entre Moscou e Kiev. Os impasses persistem mesmo após a reunião entre Donald Trump e Vladimir Putin no Alasca no mês passado, além da visita do presidente russo à China, onde reafirmou que Moscou continuará a ofensiva militar caso a diplomacia não avance.
“Os negociadores seguem se comunicando, mas, por enquanto, o mais correto é falar em uma pausa”, explicou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Ele evitou confirmar se novas reuniões entre os representantes dos dois países já estão agendadas.
De acordo com Peskov, “não se deve criar falsas expectativas e esperar resultados rápidos”. A declaração também foi direcionada ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que prometeu diversas vezes encerrar a guerra rapidamente, mas admitiu que uma solução imediata está cada vez mais distante.
Além disso, ele criticou aliados europeus da Ucrânia por dificultar os avanços, mas ressaltou que Moscou permanece comprometida com o “caminho do diálogo pacífico”.
Um dos principais obstáculos é a proposta de uma coalizão internacional, liderada pela França e Reino Unido, para enviar uma “força de segurança” à Ucrânia para acompanhar um eventual acordo de paz. Kiev enfatiza a necessidade de garantias militares externas, enquanto Moscou rejeita qualquer presença ocidental no território ucraniano e exige que temas como a neutralidade da Ucrânia e o futuro da região do Donbass sejam incluídos no entendimento.
Na quarta-feira (10/9), o Kremlin reagiu duramente ao anúncio dos líderes da chamada “Coalizão dos Dispostos”, que se reuniram em Paris e manifestaram a intenção de enviar tropas à Ucrânia como parte das garantias de segurança em caso de cessar-fogo. Peskov afirmou que os países que apoiaram essa medida “não entendem ou não querem entender as graves consequências dessas ações imprudentes”.
As tensões aumentaram nesta semana, depois que forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) derrubaram drones russos que invadiram o espaço aéreo da Polônia — incidente considerado por autoridades de Varsóvia como intencional.
Sobre o evento, Trump minimizou: “Foram derrubados e caíram… mas você não deveria estar perto da Polônia de qualquer jeito”.
Mesmo assim, o republicano admitiu que está “perdendo a paciência” com Putin e Zelensky, criticando ambos pela falta de progresso. “É surpreendente. Quando Putin quis agir, Zelensky não quis. Quando Zelensky quis agir, Putin não quis. Agora Zelensky quer, e Putin é uma incógnita”, declarou em entrevista ao programa Fox and Friends.