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Kremlin anuncia acordos com China e ridiculariza Boris Johnson: ‘Totalmente confuso’

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Moscou sinaliza alinhamento com Pequim e demonstra não levar a sério busca britânica por protagonismo internacional

Duas entrevistas concedidas por representantes do Kremlin nesta quarta-feira permitiram entrever a estratégia de alianças e a postura de desafio da Rússia perante as crescentes tensões com as potências ocidentais.

Por um lado, Moscou anunciou uma cooperação mais estreita com a China, sinalizando união em um contexto de rivalidade de ambos os países com Washington.

Por outro, horas antes de uma conversa entre Vladimir Putin e o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, o governo russo também usou palavras fortes para ridicularizar o governo britânico, enfraquecendo a sua busca por protagonismo internacional e deixando claro quem a Rússia considera um interlocutor decisivo na crise atual.

Autoridades russas zombaram do líder do governo britânico, chamando-o de  “totalmente confuso”, e criticaram a ministra das Relações Exteriores do país, acusando-a de “ignorância e estupidez”.

Cooperação econômica e de segurança

O Kremlin anunciou que Putin e Xi Jinping vão discutir uma cooperação mais estreita nos setores de gás, finanças e segurança em um almoço na sexta-feira, durante a viagem do líder russo a Pequim para a abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno.

Os dois poderão assinar mais de 15 acordos, informou a repórteres Yuri Ushakov, assessor do governo russo. Muitos novos acordos estão sendo preparados em relação ao fornecimento de gás natural, e uma ideia antiga de um novo gasoduto saindo da Rússia e passando pela Mongólia rumo à China pode ressurgir.

Sobre a área de defesa, sem dar detalhes, Ushakov disse que a China “apoia o esforço da Rússia para conseguir obter cláusulas de segurança do Ocidente”. Na semana passada, pela primeira vez o governo chinês se manifestou sobre a crise, quando instou os Estados Unidos a “levarem a sério” as preocupações de segurança russas.

Ushakov disse que os líderes dos dois países “entendem a necessidade de uma ordem mundial mais justa” e devem anunciar uma cooperação mais estreita na área de segurança internacional.

— Foi preparada uma declaração comum sobre a entrada das relações internacionais em uma nova era — disse Ushakov, sem dar detalhes.

A visita de Putin ocorre em um momento em que a dependência da Europa do fornecimento de gás russo está sendo questionada por alguns políticos ocidentais, enquanto se prolonga a ameaça de uma invasão à Ucrânia e a possibilidade de retaliações contra a economia russa.

Moscou tem interesse em exibir que potencialmente tem outras opções de importadores, mesmo que não sejam alternativas realistas da noite para o dia.

O fornecimento de gás através de um gasoduto existente, o Poder da Sibéria, que se estende por 4 mil quilômetros para levar gás do Leste da Rússia para a China, começou em 2019. O acordo que define as condições do abastecimento demorou cerca de uma década para ser alcançado.

Alguns especialistas duvidam que um segundo gasoduto da Rússia para a China, que recentemente ultrapassou o Japão como o maior importador mundial de gás natural liquefeito, venha a acontecer.

Os preços do gás na Europa atingiram máximas históricas em dezembro em meio à crescente demanda e à oferta limitada. A Ucrânia é um país tradicional de trânsito de gás.

Ushakov também disse que Moscou e Pequim estão fazendo sérios esforços para criar uma infraestrutura financeira conjunta que possa proteger a cooperação Rússia-China de possíveis sanções de outros países.

‘Totalmente confuso’

Em outra entrevista coletiva e em um texto publicado na internet, autoridades russas zombaram do britânico Boris, classificando-o como “totalmente confuso”, e dos políticos britânicos, atacados por sua “estupidez e ignorância”.

Os comentários, cáusticos mesmo para os padrões cada vez mais desafiadores de Moscou, foram feitos horas antes de ser confirmado um telefonema entre Putin e Boris, em que os dois coincidiram na necessidade de encontrar uma solução pacífica para a crise.

Na segunda-feira, Boris cancelou um telefonema com Putin para responder a perguntas no Parlamento sobre festas na residência oficial de Downing Street durante uma quarentena devido à pandemia de Covid-19.

Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, disse que “faz sentido falar com qualquer um”.

— A Rússia e o presidente Putin estão abertos a se comunicar com todos. Mesmo para alguém que está totalmente confuso, ele [Putin] está preparado para fornecer explicações exaustivas — disse Peskov.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia foi mais longe, zombando da ministra de Relações Exteriores britânica, Liz Truss — uma das favoritas para substituir Boris, caso ele venha a perder o cargo —, por dizer que o Reino Unido enviava suprimentos para seus “aliados do Báltico através do Mar Negro”. Os dois corpos de água estão em lados opostos da Europa.

“Sra. Truss, seu conhecimento de História não é nada comparado ao seu conhecimento de geografia”, escreveu a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, em uma publicação na internet. “Se alguém precisa ser salvo de alguma coisa, é o mundo, da estupidez e ignorância dos políticos britânicos.”

Em crise doméstica, Boris busca ter protagonismo na pressão internacional contra Moscou. Além disso, interessa ao premier projetar uma impressão de força britânica, de modo a reposicionar o país após o Brexit. Na terça-feira, Boris visitou Kiev, onde acusou a Rússia de “apontar uma arma para a cabeça da Ucrânia”.

Até aqui, as negociações relacionadas à Ucrânia têm sido conduzidas principalmente entre a Rússia e os Estados Unidos, e até a União Europeia tem sido posta de lado durante as discussões.

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