Sergey Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia, declarou nesta terça-feira (21/10) que um cessar-fogo imediato na Ucrânia, proposto por países europeus e pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, resultaria em grande parte do país ficando sob domínio de um regime nazista.
Em entrevista coletiva, o chanceler ressaltou a necessidade de tratar a questão de forma profunda e abordar suas raízes, acusando o governo ucraniano de proibir o uso da língua russa e perseguir russófonos.
“Um cessar-fogo imediato significaria simplesmente que uma vasta região da Ucrânia permaneceria sob controle de um regime nazista, enquanto a prioridade deve ser resolver o problema em sua essência”, afirmou Lavrov.
O diplomata reforçou a narrativa do Kremlin desde o início da invasão em 2022, segundo a qual Moscou conduz uma “operação especial” para proteger a população russa e combater “elementos neonazistas” em Kiev.
As declarações de Lavrov surgem em meio a uma nova rodada de negociações visando um possível cessar-fogo duradouro no conflito na Europa Oriental.
Recentemente, Donald Trump recebeu Volodymyr Zelensky na Casa Branca em um encontro que não atendeu às expectativas de Kiev, que esperava apoio para o envio de mísseis de cruzeiro Tomahawk, mas saiu de Washington sem garantias.
O tom cauteloso de Trump seguiu-se a uma conversa com Vladimir Putin, na véspera do encontro. Durante a coletiva ao lado de Zelensky, o republicano afirmou que os Estados Unidos “não podem esgotar seus estoques estratégicos” e indicou o desejo de evitar uma escalada no conflito.
Retórica da Rússia
Lavrov mantém a narrativa de que o governo ucraniano abriga tendências nazistas e realiza ataques contra civis em regiões fronteiriças. Em setembro, o chanceler acusou Kiev de bombardear áreas civis em Kursk e classificou a ação russa como legítima defesa, conforme previsto na Carta da ONU.
“O Ocidente ignora os princípios da Carta da ONU e insiste apenas na integridade territorial da Ucrânia”, declarou Lavrov na ocasião.
Enquanto o Kremlin sustenta a ideia de uma “desnazificação”, Kiev e seus aliados ocidentais consideram que Moscou usa esse argumento como desculpa para justificar a invasão.