O governo da Rússia acusou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, nesta sexta-feira (26/9), de dar prioridade à guerra ao invés de buscar uma solução diplomática para o conflito. A declaração foi feita pelo porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, após Zelensky sugerir que autoridades russas deveriam saber onde ficam abrigos antiaéreos.
“Ele [Zelensky] está fazendo ameaças sem controle, o que parece irresponsável e mostra que o regime de Kiev pensa em guerra, não em paz”, afirmou Peskov.
No início da semana, Zelensky disse que autoridades russas deveriam conhecer os abrigos antiaéreos mais próximos, uma fala interpretada como ameaça de ataques com armas de longo alcance.
O ex-presidente russo e atual vice-chefe do Conselho de Segurança, Dmitry Medvedev, respondeu com críticas. Em redes sociais, chamou o líder ucraniano de “viciado em Kiev” e disse que nenhum abrigo antiaéreo protege contra o arsenal russo.
“O que esse maluco precisa saber é que a Rússia tem armas contra as quais nenhum abrigo antiaéreo é eficaz. Os americanos também deveriam lembrar disso”, escreveu Medvedev.
Zelensky na ONU
As trocas de declarações ocorrem durante uma nova rodada de reuniões na 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Zelensky se encontrou com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na terça-feira (23/9), em seu quarto encontro desde o retorno do republicano à Casa Branca.
Durante o encontro, Zelensky destacou avanços militares recentes, como o avanço territorial de cerca de 360 km e o cerco de cerca de mil soldados russos. “Graças aos nossos soldados, temos essa chance e continuaremos até que a Rússia pare esta guerra. Precisamos de mais pressão e mais sanções, e espero contar com os Estados Unidos e a Europa”, declarou.
Trump elogiou a resistência ucraniana, chamando-a de “incrível”, e disse que a guerra, que já dura mais de três anos, “parece ter prendido a Rússia”. Ele sugeriu que países da Otan estejam prontos para derrubar aeronaves russas que violem espaço aéreo, mas condicionou a ajuda dos EUA a certas “circunstâncias”.
Apesar dos esforços de Washington para mediar um cessar-fogo, não houve progresso nas negociações entre Kiev e Moscou. O Kremlin ainda resiste a uma reunião direta entre o presidente russo, Vladimir Putin, e Zelensky.