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segunda-feira, 22/12/2025

Kast vence eleição e muda o futuro do Chile e sua política externa

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A vitória de José Antonio Kast na presidência do Chile representa uma mudança importante no panorama político do país e intensifica a divisão ideológica na América Latina. Líder do Partido Republicano, Kast assume após quatro anos sob a gestão progressista de Gabriel Boric, encerrando um período centrado em questões identitárias, ambientais e no multilateralismo.

Com mais de 58% dos votos, conforme dados do Serviço Eleitoral do Chile (Servel), Kast será, a partir de março de 2026, o presidente mais conservador desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, em 1990.

Virada política em um contexto regional dividido

A eleição de Kast acontece num cenário de crescente polarização política na América Latina, onde governos de direita vêm ganhando espaço em países como Argentina, El Salvador e Chile, em contraste com administrações de esquerda em Brasil, Colômbia e Uruguai.

Alguns desses governos adotam posições soberanistas e próximas aos Estados Unidos, ainda que nem todos estejam ligados ao trumpismo. Esse fenômeno vai além da alternância política tradicional e mostra o fortalecimento de discursos contra o sistema, críticos ao multilateralismo e às instituições regionais.

Prioridades do novo governo

  • Rigor no combate ao crime organizado;
  • Fechamento das fronteiras e expulsão de imigrantes irregulares;
  • Flexibilização das leis trabalhistas;
  • Redução de impostos para empresas;
  • Controle nos gastos públicos;
  • Revisão das políticas ambientais;
  • Revogação do aborto legal e proibição da pílula do dia seguinte.

Kast afirmou que anunciará em janeiro os nomes dos ministros e subsecretários, combinando integrantes do Partido Republicano com membros experientes da direita tradicional.

Mudanças na política externa chilena

No âmbito internacional, a eleição de Kast deve resultar em uma diplomacia mais pragmática e alinhada a governos conservadores, diminuindo o destaque a temas como feminismo, meio ambiente, direitos humanos e o multilateralismo, características do governo anterior. Espera-se um menor envolvimento em iniciativas de integração regional e cooperação internacional, com uma ênfase maior em agendas nacionais e soberanistas.

Alinhamento com líderes conservadores

José Antonio Kast compartilha afinidade ideológica com líderes como Javier Milei (Argentina), Nayib Bukele (El Salvador), Jair Bolsonaro (Brasil) e Donald Trump (Estados Unidos). Após sua vitória, Kast visitou Milei em Buenos Aires para celebrar a ascensão da direita na região e discutir ações conjuntas, principalmente sobre o controle da imigração ilegal.

Inspirado pelo modelo de segurança de Bukele, Kast visitou penitenciárias em El Salvador e defende políticas de combate rigoroso ao crime. Durante a campanha, prometeu criar uma força policial especializada, nos moldes do ICE dos EUA, para monitorar e deportar imigrantes em situação irregular.

Política migratória e tensão com governos progressistas

O presidente eleito anunciou a intenção de endurecer as políticas migratórias, propondo a criação de um “corredor humanitário de devolução” para imigrantes irregulares. Kast destacou que a imigração, especialmente de venezuelanos, tem pressionado sistemas de saúde, educação e segurança pública no Chile.

Além disso, classificou a Venezuela como uma “narcoditadura” e manifestou apoio a qualquer iniciativa para acabar com o regime autoritário no país, incluindo possível intervenção liderada pelos Estados Unidos, o que causou forte reação de governos de esquerda.

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, criticou duramente a vitória de Kast, chamando-a de triunfo da extrema direita com características fascistas, o que provocou uma crise diplomática entre Bogotá e Santiago.

Cenário Legislativo e desafios de governança

Embora tenha obtido uma vitória expressiva, Kast enfrentará um Congresso fragmentado. Nenhum partido terá maioria absoluta na Câmara dos Deputados ou no Senado, exigindo negociações para a aprovação de reformas essenciais.

No Congresso, a direita conta com 76 cadeiras na Câmara, ficando apenas duas cadeiras aquém da maioria plena. No Senado, a direita detém exatamente metade das cadeiras.

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