Homem teve perna amputada após tiroteio entre criminosos e seguranças. Caso ocorrido em 2007 deixou mais 5 feridos; adolescente ficou paraplégica.
A Justiça de São Paulo condenou um banco a pagar R$ 70 mil de indenização por danos morais a um passageiro de ônibus atingido por tiro de fuzil em confronto entre criminosos e seguranças da agência, durante tentativa de assalto em 2007. A informação foi divulgada no mês passado no site do Tribunal de Justiça (TJ). Veja acima vídeo do Jornal Nacional com entrevista do caso, realizada há nove anos.
O disparo feito pelos assaltantes que tentaram roubar o Itaú da Avenida Ibirapuera, em Moema, na Zona Sul de São Paulo, em 28 de fevereiro de 2007, causou a amputação de parte da perna do então eletricista Raimundo José Jesus dos Santos.
Em decisão unânime dos desembargadores, o Itaú também foi condenado a pagar indenização por danos materiais a Raimundo, mas esse valor ainda não foi definido. Na troca de tiros entre criminosos e vigilantes do banco, um disparo atingiu a perna esquerda de Raimundo. Por causa do ferimento, ela foi amputada do joelho para baixo.
Outras cinco pessoas foram baleadas no mesmo assalto em 2007, três delas estavam passando pela região e outras duas eram os criminosos.
Além de Raimundo, outra vítima dos disparos também entrou na Justiça com pedidos de indenizações. É uma adolescente que ficou paraplégica. Não há informações se os demais baleados fizeram o mesmo.
O tiro de fuzil que atingiu Raimundo foi feito por um dos cinco assaltantes envolvidos no crime. Três deles haviam sido presos pela Polícia Militar (PM) e outros dois tinham fugido à época.
Amputado
A equipe de reportagem não localizou Raimundo para comentar o assunto. Em entrevista à equipe de reportagem, seu advogado, Paulo Meccia, afirmou que a decisão judicial foi justa.
“Conseguimos fazer uma prova de que um funcionário do Itaú, apesar de ser contratato por terceiros, facilitou a entrada de criminosos onde ocorreu o tiroteio com seguranças dentro e fora do banco”, disse Meccia. “Todo sistema de segurança da agência estava desligado. Um dos bandidos começou a atirar para todo lado e acertou meu cliente dentro do ônibus”.
De acordo com Paulo, que trabalha com seu pai, Antonio Carlos Meccia, Raimundo ainda não recebeu o dinheiro da indenização proque cabe recurso ao banco às instâncias superiores da justiça. “Ele não vai receber tão cedo”.
Além de Raimundo, que teve a parte da perna amputada, uma adolescente atingida na coluna ficou paraplégica, uma mulher foi ferida de raspão e um advogado tomou tiro no pulso ao se recusar a entregar seu carro para os bandidos fugirem. Dois assaltantes também foram baleados.
O caso teve repercussão e foi amplamente noticiado pela imprensa à época.
Decisão
Após ser baleado e levado a um hospital, Raimundo ficou 15 dias internado, chegando a contrair infecções. “Quando eu soube que ia ter que amputar a perna, na hora você só quer se livrar da dor e do problema. Falei: se tiver de ser será, então vamos ver o que vai dar”, disse ele à época, ao Jornal Nacional. Ele tinha 39 anos naquela ocasião.
De acordo com a assessoria de imprensa do TJ, o relator do recurso, desembargador Alcides Leopoldo e Silva Júnior, argumentou que o dano moral se caracterizou não apenas pelo ferimento causado em Raimundo, mas em ‘especial pela amputação de parte do membro inferior, privando o autor de sua normal locomoção e de práticas esportivas, demandando maior esforço em suas atividades habituais’.
Ainda segundo o site do tribunal, o magistrado destacou que ‘o disparo ocorreu na sucessão dos atos deflagrados desde o início do assalto e reação dos seguranças em defesa do banco’.
Os desembargadores Cláudio Luiz Bueno de Godoy e Durval Augusto Rezende Filho também integraram a turma julgadora.
Casado e com filhos à época, Raimundo era, além de eletricista, treinador de um time de futebol do bairro nas horas vagas. A mulher trabalhava num hotel.
Feridos
No mesmo ônibus onde estava Raimundo, Maria Enildes de Jesus Nascimento, então com 58 anos, levou um tiro de raspão e foi liberada.
No canteiro central da avenida, estava Priscila Aprígio, que tinha 13 anos naquela ocasião, e foi atingida por um disparo. A bala acertou um dos rins e ficou alojada na medula dela, a deixando paraplégica.
O advogado Fábio Ferreira Nascimento, alvejado após se negar a entregar o carro aos assaltantes, passou por cirurgia no pulso e foi liberado.