Jairo Marques
São Paulo, SP (FolhaPress)
Um homem de 37 anos que sofreu uma lesão grave na medula recebeu uma dose de polilaminina na coluna no último sábado (13). Ele se acidentou durante um evento de motocross no interior do Espírito Santo no dia 7 de dezembro. A aplicação foi feita após decisão da Justiça em um hospital filantrópico.
Segundo os médicos, o paciente está estável e respondeu bem ao tratamento. Ainda não é possível afirmar se o remédio teve algum efeito no organismo dele.
Mais três decisões judiciais, duas do Rio de Janeiro e uma da Bahia, determinaram que o laboratório Cristália, responsável pela pesquisa científica, aplique polilaminina em outros três homens com lesões recentes na medula.
Esses tratamentos podem acontecer em breve, caso não haja impedimentos legais ou médicos. Os pacientes incluem um homem que sofreu um acidente de trabalho em Friburgo (RJ); um médico de Salvador que teve um acidente de carro; e outro homem de Petrópolis (RJ) que se acidentou de moto.
O medicamento ainda não foi aprovado pela Anvisa para uso em humanos e está em fase de pesquisa. O estudo é conduzido pela pesquisadora Tatiana Coelho de Sampaio, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O médico Olavo Borges Franco, que participou da aplicação no Espírito Santo e trabalha com Tatiana, informou que o acidente causou danos graves na medula e na coluna vertebral do paciente, algo geralmente incompatível com a vida.
“Realizamos a aplicação após uma cirurgia para descompressão e estabilização da coluna. O procedimento, feito através da pele, foi conduzido pelo médico Bruno Alexandre Cortes, chefe do serviço de neurocirurgia do Hospital Municipal Souza Aguiar, no Rio de Janeiro, maior centro de emergências da América Latina. Ele demonstrou grande habilidade”, afirmou.
Em testes laboratoriais, a polilaminina mostrou-se eficaz na recuperação das lesões medulares em cães e também em humanos. Seis pessoas tiveram melhora em seus movimentos e sensibilidade.
Um paciente, Bruno Drummond de Freitas, que tinha lesão medular completa e risco de tetraplegia, recebeu o medicamento e hoje leva uma vida normal, sem problemas motores.
Olavo Borges destacou que o caso do homem de 37 anos, operado na Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro do Itapemirim, é o mais grave que a equipe já enfrentou.
“A condição da coluna dificulta a recuperação, mas estamos otimistas e esperançosos de que o medicamento possa ajudar”, disse.
O laboratório Cristália afirmou em nota que cumpriu a ordem judicial e forneceu o medicamento.
“O produto é seguro e está em processo de aprovação pela Anvisa, seguindo todas as etapas necessárias para que possa ser disponibilizado comercialmente.
O Cristália busca sempre inovar com produtos que possam melhorar a vida das pessoas”, destacou a nota.
A Anvisa foi procurada no domingo (14) para comentar as decisões judiciais e o tratamento, mas não respondeu.
A agência ainda avalia o medicamento e o laboratório precisa provar que ele é seguro. Depois disso, começarão as fases clínicas para registro do remédio.
No dia 15, o governo do Espírito Santo deve anunciar uma parceria com o Cristália e a UFRJ para desenvolver e aplicar a polilaminina no SUS, com apoio em vários níveis para avançar o trabalho.
