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quarta-feira, 24/09/2025

Juros entre Brasil e EUA devem subir e frear valorização do dólar

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JÚLIA MOURA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Especialistas afirmam que a provável redução dos juros nos Estados Unidos aumentará a diferença entre as taxas americanas e brasileiras, o que ajudará a manter o dólar perto do real, valorizando investimentos no Brasil.

Na quarta-feira (17), o mercado espera que o Banco Central dos EUA (Fed) reduza a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, deixando-a entre 4% e 4,25% ao ano. Enquanto isso, o Banco Central do Brasil deve manter a Selic em 15%. Essa diferença de juros, que chegaria a 10,75 pontos percentuais, torna os investimentos brasileiros mais atraentes.

Das 36 instituições consultadas pela Bloomberg, todas esperam que a Selic se mantenha, e apenas 3 de 102 especialistas preveem uma queda maior que 0,25 ponto percentual nos juros americanos.

A estratégia denominada “carry trade” se torna mais vantajosa com essa diferença: é possível pegar dinheiro emprestado a juros baixos nos EUA para investir em ativos brasileiros que oferecem melhor retorno, principalmente na renda fixa.

Esse cenário atrai dólares para o Brasil, fortalecendo o real.

Além disso, o dólar está fraco em relação a outras moedas, como mostra o índice DXY, que recuou 10% neste ano, influenciado pelas expectativas de queda de juros nos EUA e políticas econômicas do governo de Donald Trump, que diminuem a confiança no dólar.

Com cortes previstos nos juros americanos ao longo do ano, o diferencial de taxas entre Brasil e EUA pode chegar a 11,25 pontos percentuais em 2025, o maior desde 2022.

Em 2022, o dólar atingiu mínima de R$ 4,61, subiu para R$ 5,50 em julho devido à elevação dos juros americanos, e fechou o ano a R$ 5,28. Já em 2024, quando a diferença foi menor, o dólar ultrapassou R$ 6.

Na última terça-feira (16), a cotação do dólar fechou em R$ 5,298, uma queda de 14% frente ao real desde janeiro.

William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, comenta que o aumento da diferença de juros dificulta a valorização forte do dólar e ajuda a manter o câmbio estável, mesmo em cenário de eleição indefinida.

Ele recomenda que os investidores aproveitem a baixa do dólar para comprar a moeda e investir em títulos do Tesouro americano, aguardando possíveis quedas no mercado de ações dos EUA, que estão em patamares elevados.

Castro Alves ressalta que, apesar da alta histórica da Bolsa, o dólar baixo oferece uma oportunidade para investimentos de menor risco antes de realocar capital para outras oportunidades.

O índice Ibovespa está em 144.061 pontos, também em máxima nominal, e análises indicam que o fluxo de investidores estrangeiros pode manter essa tendência de alta ao longo do ano.

O Santander projeta o Ibovespa em 160 mil pontos até o final do ano, um crescimento de 11%, enquanto o Itaú vê o índice entre 150 mil e 165 mil pontos no médio prazo.

Apesar do interesse reduzido dos estrangeiros neste momento, a queda dos juros americanos pode estimular a busca por ativos mais arriscados, beneficiando tanto as ações brasileiras quanto os títulos de renda fixa, que possuem alta liquidez e permitem fácil saída em caso de alta do dólar.

Para o final do ano, economistas esperam que o dólar retome alta de cerca de 4%. As projeções do Bradesco e Itaú indicam o dólar a R$ 5,50 no final de 2025, alinhadas à pesquisa Focus.

Já o Santander é mais cauteloso, prevendo o dólar a R$ 5,70, considerando fatores como inflação ainda elevada e atividade econômica forte, que permitem cortes na Selic apenas a partir de 2026, segundo o economista Adriano Valladão.

Valladão destaca que o corte de juros pelo Fed aumenta o diferencial de curto prazo, mas isso já está refletido nos preços dos contratos futuros de juros no Brasil.

Ao contrário do Santander e da pesquisa Focus, a curva de juros brasileira já precifica um corte da Selic para 14,75% em dezembro, e para 14,25% ao final de 2025, mantendo um diferencial elevado em relação aos EUA, onde os juros devem atingir cerca de 2% em 2026.

A pesquisa Focus estima que a Selic esteja em 12,25% ao final do próximo ano.

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