O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que a situação econômica atual estaria bem diferente se a taxa Selic não tivesse sido elevada rapidamente em 3 pontos percentuais desde o final de 2024. Na última reunião de 2024, realizada sob o comando do ex-presidente Roberto Campos Neto, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou os juros em 1 ponto percentual e indicou mais duas elevações semelhantes nas reuniões seguintes.
Gabriel Galípolo destacou em evento realizado pela XP em São Paulo que a postura adotada pelo Banco Central no início do ano foi crucial para o cenário atual, reforçando a importância da decisão rápida. Ele ressaltou que se o Banco Central não tivesse agido dessa forma, a situação teria sido bastante diferente.
Havia dúvidas no mercado sobre a nova gestão da autoridade monetária, principalmente porque Galípolo foi indicado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que frequentemente expressou preocupações sobre o atual nível da Selic. Isso gerou questionamentos sobre a possibilidade de juros menores e uma política mais branda contra a inflação.
No entanto, o presidente do Banco Central garantiu que, apesar dos desafios e incertezas, o compromisso com a política monetária foi mantido e que a economia brasileira, por características estruturais, precisa conviver com juros mais altos do que outras economias similares. Ele reiterou que o Banco Central está disposto a aplicar as medidas necessárias para atingir seus objetivos de controle inflacionário.
Sinalizações do Copom
Galípolo explicou que, no momento, o Copom ainda está analisando os dados econômicos para definir os próximos passos, e que não há previsão clara sobre novos aumentos ou mudanças na taxa Selic. A atual taxa, próxima a 15%, tem demonstrado efeito na inflação, porém a redução está ocorrendo de forma mais lenta do que o desejado.
Ele comentou que o colegiado evita criar expectativas ou códigos específicos para o mercado, preferindo analisar a situação cuidadosamente a cada 45 dias e ajustar a política conforme necessário, sem promover volatilidade desnecessária.
O termo “bastante prolongado”, usado nas comunicações recentes, indica que o período atual é sustentado e não se redefine a cada reunião. O processo de convergência da inflação está acontecendo de forma lenta, mas constante.
Estadão Conteúdo.
