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domingo, 24/08/2025

Juros altos podem frear crescimento do PIB no segundo trimestre

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Especialistas esperam que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de 2025 desacelere, especialmente na agropecuária, devido ao aumento da taxa de juros, um setor sensível ao crédito.

Dados do Banco Central mostram que o Índice de Atividade Econômica de junho indica um crescimento preliminar do PIB de 0,3%, abaixo das expectativas do mercado financeiro. O Ministério da Fazenda, pelo Boletim Macrofiscal, projeta uma desaceleração no segundo trimestre, com crescimento de 0,6%, frente a 1,3% do primeiro trimestre.

Para a economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre) e coordenadora do Monitor do PIB, Juliana Trece, a desaceleração ocorre principalmente pela contribuição negativa da agropecuária, que foi o setor que mais cresceu no primeiro trimestre.

O relatório XP Macro Research aponta que a agropecuária mostrará uma leve queda no segundo trimestre, após o forte avanço no primeiro, resultado da safra recorde de grãos. A indústria e o setor de serviços devem crescer de forma moderada, com sinais positivos em seus componentes.

Segundo o mesmo relatório, a piora nas condições de crédito poderá impactar negativamente a atividade interna. Contudo, o crescimento constante da renda deve evitar uma desaceleração mais severa. O mercado de trabalho permanece sólido e as transferências fiscais continuam elevadas, destacando o pagamento de precatórios neste trimestre.

Juliana destaca que a desaceleração pode estar relacionada ao ciclo de aperto monetário iniciado no fim de 2024, que deverá ficar mais evidente no segundo semestre. Além disso, aumentam as incertezas com a guerra comercial dos Estados Unidos e as tarifas impostas ao Brasil.

O presidente do sindicato dos economistas de São Paulo, Carlos Eduardo Oliveira Jr, aponta que outros fatores contribuem para o recuo do PIB, como a perda do poder de compra das famílias, devido à inflação persistente, especialmente em serviços, e desaceleração do crédito. Ele também ressalta o enfraquecimento da agricultura, que até então alavancava expectativas. A indústria apresenta resultados variados; setores ligados a bens de capital e automóveis podem se recuperar, enquanto a indústria extrativa e parte da transformação enfrentam dificuldades.

Carlos ainda prevê queda nos preços dos minérios, embora o setor de serviços deva continuar crescendo, porém em ritmo mais lento, refletindo menor expansão do consumo.

As projeções para o PIB são: Mercado (Boletim Focus) 2,21%, IPEA 2,4%, Confederação Nacional da Indústria (CNI) 2,3% e Ministério da Fazenda 2,5%.

Impacto das Tarifas dos Estados Unidos

Especialistas indicam que as tarifas aplicadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, têm começado a influenciar a economia brasileira negativamente. Carlos Oliveira avalia que o ambiente externo é desfavorável e que as tarifas terão impacto no crescimento do PIB do Brasil.

Recentemente, o governo dos EUA impôs uma tarifa de 50% sobre determinados produtos brasileiros. O governo brasileiro atua para minimizar os efeitos, porém o impacto real nas exportações será claro somente após a divulgação da Balança Comercial em agosto pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MIDC).

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