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quinta-feira, 21/11/2024
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Juros altos exigem das startups capacidade real de inovação

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Copom do Banco Central promoverá manutenção da taxa Selic para 13,75%

Na noite da última quarta-feira, 22, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou a manutenção da taxa Selic em 13,75%. Já o Federal Reserve (Fed), o BC dos Estados Unidos, anunciou alta na taxa de juros de 0,25%, para uma faixa de 4,75% a 5% ao ano. Este é o sétimo aumento consecutivo do Fed.

Fatores de risco como “maior persistência das pressões inflacionárias globais, incerteza sobre o arcabouço fiscal e seus impactos sobre as expectativas para a trajetória da dívida pública e uma desancoragem maior, ou mais duradoura, das expectativas de inflação para prazos mais longos” foram alguns dos argumentos apontados pelo Copom para ignorar a pressão do Governo Federal e manter o mesmo patamar de juros. Já o Fed, em comunicado à imprensa, entre outros pontos, afirmou que “a inflação continua elevada”, que “o sistema bancário dos EUA é sólido e resiliente” e que os “acontecimentos recentes provavelmente resultarão em condições de crédito mais restritivas”, referindo-se aqui às falências do Silicon Valley Bank e do Signature Bank.

Ainda que haja perspectiva de baixa de juros em algum momento, esse novo cenário exige das startups uma nova postura: o mercado inovador vai precisar, de novo e de fato, inovar.

Basicamente, startups são empresas que se propõem a resolver problemas não resolvidos ou mal resolvidos, com base em tecnologia aplicada em mercados com potencial de escala. Para alcançar o feito, precisam de dinheiro externo, aportado por investidores interessados em múltiplos retornos. Quando conseguem capital, contratam em massa, investem para crescer rápido, de modo a comprovar sua tese, o que a aumenta o seu valor de mercado, e assim atraem mais capital, contratam em massa para seguir crescendo até que esse ciclo, em algum momento, viabiliza retorno aos investidores por meio de um IPO ou em algum movimento de fusão ou aquisição. Só que, para essa orquestra funcionar, o investidor precisa colocar o dinheiro. E com os juros altos como estão, ativos de renda fixa são muito mais seguros e convidativos. E aí a coisa desanda, embora não devesse.

Em 2021, em um cenário de taxa Selic de 2%, as startups brasileiras receberam um total de US$ 9,4 bilhões em investimentos, segundo levantamento da plataforma Distrito. O mercado ficou mal acostumado. Em 2022 este número caiu para para US$ 4,45 bilhões, uma queda de 54,6%, um balde de água fria. Agora, em 2023, a manutenção dos juros altos representam um novo choque de realidade. E aí os negócios declinam com a mesma velocidade da subida. O resultado disso pode ser visto, por exemplo, na onda de demissões das grandes startups. Segundo o site Layoffs Brasil, mais de 30 startups nacionais fizeram cortes em massa em fevereiro deste ano. Ao todo, 2.721 colaboradores foram demitidos no período, incluindo corte no Unicórnio Neon e na fintech C6 Bank. Esta semana, a Creditas também anunciou demissões e se junta a gigantes como iFood, Loft, Quinto Andar, entre tantas outras que tiveram que demitir.

Dado o cenário, é preciso que as startups sintonizem a frequência correta. Por mais estimulantes que sejam os predicados da nova economia, algumas bases do funcionamento do mundo dos negócios tradicionais ainda apresentam resultados consistentes, como, por exemplo, a manutenção de um caixa que dê segurança suficiente à empresa para manter suas atividades em águas turbulentas. O compromisso com a saúde financeira de um negócio não necessariamente é paradoxal à sua capacidade de ser disruptivo. E mais que isso, talvez até desperte o interesse dos investidores. Sob essa perspectiva, pode ser até saudável o atual momento, no sentido de criar uma nova consciência do que deve ser uma startup.

Guilherme Juliani, CEO do Grupo MOVE3, meu amigo e parceiro no livro Ouvir, Agir e Encantar, sintetiza o atual momento. “Não há mais espaço para powerpoints e planilhas de excel milagrosas, agora as startups precisam provar que seu modelo de negócio pode ser rentável e, de preferência, com resultados do passado e não do futuro”.

*Eduardo Cosomano é jornalista, fundador da agência EDB Comunicação, coautor dos best-sellers “Saída de mestre: estratégias para compra e venda de uma startup” e “Ouvir, Agir e Encantar”, ambos pela Editora Gente.

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