LUANA TAKAHASHI E LORENA BARROS
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)
Juliana Marins, que faleceu após uma queda durante uma trilha e passar quatro dias aguardando resgate na Indonésia, estava realizando um mochilão por países asiáticos. Em suas últimas publicações nas redes sociais, ela descreveu algumas dificuldades e momentos de alegria vividos durante a viagem.
A brasileira, natural de Niterói (RJ), iniciou seu percurso em fevereiro e já havia visitado Filipinas, Vietnã, Tailândia e, desde maio, estava na Indonésia. “Há 36 dias saí do Brasil sozinha para viver essa jornada. Estou vivendo de forma tranquila, sem muitos planos, improvisando e deixando a vida fluir”, escreveu nas redes em março.
Ela revelou que o Vietnã foi seu destino favorito, enquanto na Tailândia aprendeu muito sobre seu “propósito”. Juliana explorou cidades tailandesas sozinha, participou de um retiro de yoga por cinco dias, fez cursos de mergulho e até meditou ao lado de monges budistas em um monastério.
“Tenho aprendido a focar no meu corpo e em todas as suas capacidades, internas e externas. Hoje sou grata por cada instante vivido, por aceitar todas as emoções e permitir que elas venham e vão”, declarou Juliana Marins.
Apesar das experiências positivas, a jovem enfrentava crises de ansiedade e sentia falta da família. “Hoje liguei para eles chorando de saudade. Terminei a ligação sorrindo muito, rindo com as brincadeiras dos meus pais e com uma paz no coração por fazer parte desta família”, escreveu na legenda de uma foto com seus pais.
“Fazer uma longa viagem sozinha intensifica e torna imprevisíveis os sentimentos, mas está tudo bem. Nunca me senti tão viva”, complementou Juliana Marins.
Juliana também agradeceu às amizades feitas nos países visitados. “Para todos que conheci nas Filipinas, muito obrigada. Especialmente a Miriam, Kass, Felix, Anastacia, Simon e Merlin. Vocês tornaram meu tempo aqui verdadeiramente especial.”
Brasileira foi encontrada morta após quatro dias
A notícia da morte veio após quatro dias de tentativas de resgate da brasileira. “Com profunda tristeza, informamos que ela não resistiu”, comunicou a família. Poucas horas antes, o Ministério do Turismo da Indonésia informou que ela estava em “estado terminal”, segundo avaliação das equipes de busca.
Ainda não foi informado se as operações para recuperar o corpo continuarão. Sete socorristas se aproximaram do local onde Juliana estava, mas estabeleceram um acampamento móvel devido ao anoitecer. Essa informação foi divulgada pela administração do parque nas redes sociais.
O governo brasileiro lamentou o ocorrido e informou que o corpo foi localizado pelas equipes de resgate. Segundo o órgão, as condições climáticas desfavoráveis dificultaram as buscas.
O pai de Juliana está a caminho de Bali. Manoel Marins publicou nas redes sociais que partia de Lisboa para a Indonésia por volta das 8h (horário de Brasília). Ele já havia chegado ao aeroporto português, mas não conseguiu seguir viagem devido ao fechamento de aeroportos no Oriente Médio, causado por bombardeios relacionados à guerra entre Israel e Irã.
Parentes agradeceram o apoio recebido nas redes sociais. O perfil criado para atualizar informações do resgate conquistou 1,5 milhão de seguidores em quatro dias.
Juliana Marins, 26 anos, tropeçou e escorregou durante uma trilha na noite de sexta-feira (20). Ela despencou da montanha e ficou cerca de 300 metros abaixo do caminho, no vulcão Rinjani, na ilha de Lombok. Ficou debilitada e incapaz de se mover.
Três horas após o acidente, um grupo de espanhóis a encontrou. A irmã, Mariana, que reside em Niterói (RJ), contou ao UOL que as pessoas que a localizaram tentaram identificar Juliana e localizar seus familiares nas redes sociais.
A família acompanhou a situação pelas fotos e vídeos enviados pelos espanhóis aguardando o resgate. Mariana afirmou que a situação piorou com o surgimento de uma neblina e forte umidade, que fizeram Juliana escorregar ainda mais da pedra. A irmã declarou que seria absurdo se ela morresse por falta de socorro.
O atraso no resgate foi devido à dificuldade de acesso na trilha, segundo autoridades locais. A agência nacional de resgate da Indonésia (Barsanas) informou que quem viu a queda levou oito horas para comunicar o acidente às autoridades. Desde o primeiro dia foram feitas tentativas de resgate com cordas e macas, sem sucesso.
Um drone térmico localizou Juliana na segunda-feira, próxima a um desfiladeiro inacessível. A agência declarou que ela foi encontrada imóvel, a centenas de metros abaixo do ponto inicial da queda, numa área de difícil acesso extremado.