13.5 C
Brasília
quarta-feira, 16/07/2025

Juba de Leão: Descubra os Benefícios Científicos do Fungo

Brasília
céu limpo
13.5 ° C
13.5 °
11.1 °
72 %
0kmh
0 %
qua
26 °
qui
27 °
sex
29 °
sáb
29 °
dom
24 °

Em Brasília

O artigo foi elaborado pelo doutor em farmacologia Fabricio Pamplona, vinculado à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e disponibilizado pela plataforma The Conversation Brasil.

Se você ainda não conhece o Hericium erinaceus, talvez já tenha ouvido falar de sua alcunha mais popular: Juba de Leão, nome que deriva de sua aparência que lembra uma cabeleira espessa e pendente. Recentemente, este fungo tem sido destaque entre cientistas devido ao seu potencial para beneficiar a saúde cerebral, especialmente em aspectos como cognição, memória e controle do estresse.

Uma pesquisa publicada em 2023 na revista científica Nutrients apresentou evidências clínicas significativas mostrando seus efeitos positivos em jovens adultos saudáveis. Isso demonstra que o cogumelo merece maior atenção por seu potencial terapêutico.

Na medicina tradicional asiática, especialmente na China e no Japão, o Juba de Leão é usado há séculos. Esses países são também a fonte das pesquisas mais reconhecidas sobre suas propriedades.

Nas últimas décadas, foram identificados compostos bioativos relevantes dentro do fungo, como as hericenonas e erinacinas, que atravessam a barreira hematoencefálica estimulando a produção de proteínas vitais para neurônios, como NGF (Fator de Crescimento Nervoso) e BDNF (Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro).

Estudos com animais e células mostraram que esses compostos podem proteger neurônios, reduzir inflamações e melhorar o humor e as capacidades cognitivas em idosos com queixas cognitivas. Contudo, faltavam dados clínicos para comprovar efeitos em pessoas sem alterações neurológicas.

Principais Descobertas

Pesquisadores do Reino Unido realizaram um estudo com 43 voluntários saudáveis entre 18 e 45 anos. Eles receberam aleatoriamente cápsulas contendo 600 mg do cogumelo três vezes ao dia ou placebo. O estudo foi duplo-cego para garantir imparcialidade.

As avaliações ocorreram logo após a primeira dose e após 28 dias de utilização contínua, buscando medir mudanças na cognição, humor e níveis de estresse.

Os resultados foram promissores: uma hora após a primeira dose, houve melhora significativa na velocidade de processamento cognitivo, comparada ao grupo que tomou placebo. Após 28 dias, observou-se redução significativa dos níveis de estresse percebidos no grupo que consumiu o cogumelo.

Efeitos Cognitivos e no Estresse

Essas descobertas indicam que o Juba de Leão pode acelerar respostas cognitivas rapidamente e, com uso contínuo, ajudar a moderar o estresse. Outros estudos recentes sugerem até efeito preventivo contra demência leve, mesmo com doses menores ao longo de um ano.

Os mecanismos de ação parecem envolver estímulo à produção de NGF e BDNF, proteínas essenciais para plasticidade cerebral, aprendizagem e equilíbrio emocional. Além disso, há indícios de modulação dos neurotransmissores dopamina, serotonina e noradrenalina, explicando os efeitos no controle do estresse.

Outra linha de pesquisa destaca o potencial anti-inflamatório desses compostos, com redução de marcadores relacionados a distúrbios de humor como IL-6 e TNF-alfa.

Importante lembrar que os voluntários eram jovens saudáveis, em plena capacidade cognitiva, indicando que as melhorias observadas podem ser moderadas. Em grupos mais vulneráveis, como idosos ou pessoas com depressão, os benefícios podem ser ainda mais evidentes.

Este foi o primeiro estudo a comprovar benefício imediato na velocidade de resposta cognitiva em indivíduos sem comprometimento neurológico, reforçando o uso do fungo como um nootrópico, ou seja, um potencializador de funções cognitivas.

Na prática, o cogumelo surge como uma opção segura e promissora para melhorar o foco e o bem-estar, respaldado por séculos de uso tradicional e agora por evidências científicas recentes.

Não é comum que a ciência moderna reconheça com tanta força uma tradição milenar, o que indica um caminho promissor para o uso do Juba de Leão.

Veja Também