Quando tinha 6 anos, Fábio Zava enfrentou um câncer que deformou seu rosto. Agora, aos 27 anos, o ilustrador e arquiteto finalmente terá uma cirurgia de reconstrução facial que pode transformar sua vida.
Fábio foi diagnosticado com rabdomiossarcoma, um câncer raro que afeta principalmente crianças, atuando sobre os músculos e representando menos de 2% dos tumores na mandíbula. A doença progride rapidamente e sem tratamento apresenta alto risco de metástase, além de provocar dores intensas.
O primeiro sinal da doença foi uma dor persistente na mandíbula, inicialmente confundida com dor de dente. Durante um atendimento odontológico em Votorantim, interior de São Paulo, um sangramento intenso e uma biópsia realizada revelaram a gravidade do caso. A dor intensa do procedimento marcou Fábio, que foi diagnosticado com o tumor agressivo e passou pela remoção de mais da metade da mandíbula inferior, seguida de sessões de quimioterapia e radioterapia.
Adaptação à vida após o câncer
Além das mudanças na aparência, Fábio teve que se acostumar com as dificuldades na alimentação e fala. No início, comer era um desafio, tendo que mastigar apenas de um lado da boca. A falta de fisioterapia o fez aprender sozinho a se adaptar.
Com o tempo, a autoestima de Fábio foi afetada pela aparência. Na escola, enfrentou o olhar e o riso dos colegas, o que o levou a evitar contato visual e limitar sua vida social. Muitas vezes usava capuz e deixava o cabelo crescer para esconder o rosto.
Cirurgias anteriores e novas perspectivas
Aos 12 e 13 anos, Fábio passou por tentativas de reconstrução da mandíbula que não tiveram sucesso duradouro, devido a infecções e ao crescimento natural do corpo que desconfiguraram o novo maxilar. A dificuldade na fala, alimentação e a aparência continuaram a impactar sua vida.
O desejo de melhorar suas funções vitais e qualidade de vida permanece, e uma nova cirurgia complexa está planejada, envolvendo oito especialidades médicas.
A nova cirurgia
O cirurgião bucomaxilofacial Magno Liberato, de São Paulo, lidera o procedimento que incluirá uma prótese de titânio feita por impressão 3D, enxertos ósseos para implantes dentários, placas personalizadas para alinhamento do maxilar, além de enxerto de pele e tecido muscular. O desafio é grande devido às alterações anatômicas das operações anteriores.
Espera-se que a cirurgia melhore significativamente a mastigação, fala e respiração, proporcionando ganhos importantes para a saúde física e emocional de Fábio. Ele reconhece que pode não ter uma aparência completamente normal, mas acredita que sua qualidade de vida será muito beneficiada.
Reflexões e apoio
Viver com marcas visíveis e invisíveis trouxe aprendizados. Fábio destaca a importância da empatia e da compreensão das pessoas em relação às dificuldades enfrentadas por quem tem aparência diferente. Ele relata que perguntas gentis são melhores do que o silêncio ou olhares desconfortáveis.
Atualmente, Fábio encontra apoio nas redes sociais, compartilhando sua história através de vídeos que alcançam milhares de pessoas, recebendo mensagens de solidariedade que o ajudam a aceitar e valorizar sua trajetória.